No mesmo dia em que a presidente Dilma Rousseff assinou a lei que cria a
Comissão da Verdade, na sexta-feira passada, o governo brasileiro decidiu
conceder o visto de permanência definitiva ao padre italiano Vito Miracapillo
(foto acima), de 64 anos, expulso do país pelos militares em
1980, por ter se negado a celebrar uma missa em homenagem ao Sete de Setembro,
no interior de Pernambuco.
O Ministério da Justiça atendeu aos apelos de Miracapillo, que esteve em
agosto no Brasil e reforçou seu desejo de retornar ao país.
O religioso, que mora na Itália, já havia feito algumas tentativas para
voltar ao Brasil durante os oito anos do governo Lula, mas sem sucesso. Hoje, o
Departamento de Estrangeiros, ligado à Secretaria Nacional de Justiça, deve
publicar no Diário Oficial a garantia da permanência do padre no Brasil.
Miracapillo pretende voltar a trabalhar na Pastoral da Igreja Católica na
diocese de Palmares, em Ribeirão, cidade a 87 quilômetros de Recife.
Antes de ser expulso do país, num ato do então presidente João Figueiredo,
ele trabalhou por sete anos com movimentos sociais ligados aos cortadores de
cana de açúcar. A região da agroindústria açucareira é foco de tensão e de
violência no campo.
Em 1993, o presidente Itamar Franco revogou o ato de sua expulsão, mas o
governo não concedeu a ele a permanência definitiva.
Com isso, Miracapillo passava por constrangimentos toda vez que chegava ao
país para curtas temporadas, pois, na alfândega, a Polícia Federal desconfiava
da legalidade de sua condição, por causa dos registros de expulsão do país.
O Globo
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