O Globo
Vera Paiva, filha do deputado Rubens Paiva - que desapareceu durante a
ditadura militar - publicou na segunda-feira na internet o discurso que faria
semana passada no Palácio do Planalto durante a solenidade em que a presidente
Dilma Rousseff sancionou a Comissão da Verdade e lei que regula o acesso às
informações públicas.
Sua fala acabou sendo abortada para não melindrar os militares. "Assim começa
muito mal", diz ela ao comentar o veto militar, acrescentando: "Agora entendo o
pedido de desculpas da Ministra (da Secretaria de Direitos Humanos) Maria do
Rosário". Vera Paiva diz ter sido apenas avisada de que a solenidade estava
atrasada e que, por isso, era preciso acelerá-la.
No discurso não proferido, ela lembra da morte do pai e avisa: "Se a Comissão
da Verdade não tiver autonomia e soberania para investigar, e uma grande equipe
que a auxilie em seu trabalho, estaremos consentindo. Consentindo, quero
ressaltar, seremos cúmplices do sofrimento de milhares de famílias ainda
afetadas por essa herança de horror que agora não está apoiada em leis de
exceção, mas segue inquestionada nos fatos".
Em outro trecho, ela afirma que o resgate da verdade e da memória não é
revanchismo. Também pede que não haja impunidade para torturadores e cita o
exemplo de outros países da América Latina, como Chile e Argentina, que julgaram
militares do período ditatorial.
Também lembra do regime do apartheid, dizendo que "a África do Sul deu um
exemplo magnífico de como enfrentar a verdade e resgatar a memória".
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