Augusto Nunes
Comovida com as juras de amor do companheiro delinquente, Dilma Rousseff
resolveu mostrar que quem manda no Brasil é a presidente da República. Depois de
suspender até janeiro a procissão dos ministros despejados por ladroagem,
autorizou o andor reservado a Carlos Lupi a permanecer estacionado na frente do
Palácio do Planalto.
Péssima ideia, descobrirá em poucas horas a estrategista aprendiz. Talvez
também descubra que, para quem tem culpa no cartório, é sábado o mais cruel dos
dias.
Desta vez, os leitores de VEJA saberão que o andor do ministro do Trabalho
também abriga assessores especializados em extorquir sindicatos. Além de
prorrogar a insônia do rufião de cabaré, a aparição dos cobradores de propina
vai manter as luzes acesas em alguns gabinetes do Planalto. São ocupados por
gente que soube há mais de oito meses o que se passava na Casa da Moeda do
PDT.
Dilma Rousseff, por exemplo, foi a destinatária de uma carta que descreveu o
funcionamento do esquema bandido. Não agiu antes porque não quis. Não age agora
porque não quer e não pode.
As declarações de amor vão recomeçar. A elas se juntará o choro do ministro
das Cidades, Mário Negromonte. O sétimo andor já vai chegando à praça. O sexto
continua por lá. A paisagem ficou ainda mais repulsiva. O lixo terá de ser
removido antes de janeiro.
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