sábado, 15 de julho de 2023

Lula cutuca o feminismo com o pé para verificar se ele morde



Durante a campanha e na fase de composição do governo, Lula casou-se com a tese da valorização do papel das mulheres na sociedade. Eleito, homenageou o majoritário eleitorado feminino com uma representação feminina minoritária na Esplanada. Entregou a mulheres 11 dos 37 ministérios —ou 29,7% das vagas do primeiro escalão. Decorridos seis meses, Lula cultiva um relacionamento paralelo com o centrão, terceirizando aos oligarcas do grupo a humilhação de mulheres acomodadas em postos de comando.

Em maio, o Planalto avalizou nos bastidores manobras do centrão que resultaram na lipoaspiração de prerrogativas de Marina Silva e de Sonia Guajajara. As pastas do Meio Ambiente e dos Povos Indígenas foram esvaziadas na votação da medida provisória que repaginou a Esplanada. Agora, o centrão empurrou outras quatro mulheres para dentro do caldeirão em que fervilha a reforma prematura de um governo recém-empossado.

Lula resgatou da fervura apenas uma ministra. Disse que Nísia Trindade permanecerá na chefia da Saúde. No Turismo, já trocou a ineficiência feminina de Daniela Carneiro pela inépcia masculina de Celso Sabino. Ana Moser e Rita Serrano foram mantidas no caldeirão —uma ferve no Ministério dos Esportes. Outra, na chefia da Caixa Econômica Federal. Indefesas, enxergam nas bolhinhas que se formam ao redor a imagem dos homens que o centrão escalou para substituí-las.

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