quinta-feira, 13 de julho de 2023

A zureta da Zambelli


O hacker Delgatti acusa Zambelli de ter pedido para ele invadir as urnas eletrônicas e as contas do Xandão

A beretta, digo, biruta, ou melhor, a zureta da Zambelli continua em corrida célere rumo à cassação de seu mandato. Todo Congresso tem personagens folclóricos no baixo clero, mas Carla Zambelli tornou-se, por seus próprios méritos e atos, alguém a se evitar. É inacreditável que a segunda deputada federal mais votada em São Paulo, terceira em todo o Brasil, tenha se envolvido com um hacker, em conspiração para invadir as urnas eletrônicas e as contas do ministro do STF Alexandre de Moraes.

Isso, se for mesmo verdadeira a história contada por Walter Delgatti, o hacker da Vaza Jato. Ele disse à Polícia Federal que resolveu entregar Zambelli por medo de ser morto em queima de arquivo. Porque a deputada marcava encontros com ele em rodovias e locais ermos, em horários quase de madrugada. Esse pedido para invadir as urnas e a privacidade do Xandão teria sido feito por Zambelli, segundo ele, em setembro do ano passado, num encontro na Rodovia dos Bandeirantes, em São Paulo. A deputada nega. Não deve ser tão difícil investigar e provar quem está falando a verdade.

Tudo é possível. A paixão arrebatadora pelo “mito” e pelos valores da extrema-direita ajudou e prejudicou Zambelli. É impressionante sua votação. Em 2018, foi eleita com 76.306 votos. Em 2022, teve 946.244 votos. Doze vezes mais. Além de sair gritando nas redes “te amo, Bolsonaro”, a deputada protagonizou uma lambança difícil de esquecer, na véspera da eleição presidencial. De camisa verde com bandeira do Brasil no peito, ela adentrou um boteco no bairro paulista dos Jardins, com arma em punho.

“Eles usaram um homem negro pra vir pra cima de mim, fui agredida”, alegou, com a respiração entrecortada, mostrando um arranhãozinho no joelho. Na verdade, ela e seus seguranças tinham discutido asperamente com o homem sobre quem venceria a eleição, na saída de um restaurante. O homem ofendeu os bolsonaristas com palavras chulas. Mas não estava armado. Zambelli tropeçou em si mesma e caiu na calçada. Disse que tinha sido empurrada, mas o vídeo provou ser mentira. Patético.

Daí, a deputada caminhou triunfante como numa série de espionagem com a pistola 9mm apontada, e mandou o sujeito forte, com boné do MST, deitar no chão do bar. Na entrada, o cartaz anunciava feijoada média a R$ 50. A pequena era R$ 28. Clientes bebiam cerveja, à tarde. O indivíduo gritava por socorro, foi ao chão e reclamou que sua roupa estava sendo estragada. Um dos escudeiros da deputada tinha disparado um tiro e mancava, depois de tentar dar um chute no lulista. A algazarra, que mais parecia videocassetada, viralizou. A deputada teve suas contas bloqueadas nas redes. Agora, a coisa engrossou com as últimas denúncias.

Já se sabe que o hacker se hospedou em Brasília em hotel pago por ela, foi levado por ela ao presidente do PL, Valdemar Costa Neto, que tem dificuldade de lembrar detalhes da conversa. E também foi levado por ela a Bolsonaro, no Alvorada. Claro, ninguém discutiu nada de ilegal com o hacker! Se ficar provado que Delgatti fala a verdade, não existe mais futuro para a deputada. O hacker entrou na mira da PF por ter incluído nos sistemas do Conselho Nacional da Justiça um falso mandado de prisão expedido pelo Xandão contra si próprio. Zambelli se julga inteligente, mas até a Joice Hasselmann a xingou de “burra”.

Ainda hoje, não sei qual foi a pós-graduação que Zambelli fez. Ouvinte de MBA? Conta aí, deputada. Mas a gente sabe quanto ganha de salário: R$ 41.650. Qual é sua verba mensal de gabinete para até 25 secretários parlamentares: R$ 110 mil. E suas “despesas” em seis meses: R$ 220 mil, mais de R$ 35 mil por mês. Fora do salário.

Acho esses valores ofensivos, ainda mais em se tratando de Brasil e da zureta da Zambelli.

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