segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Ato bolsonarista: “Para feministas, ração na tigela. As mina de direita são top mais belas; as de esquerda têm mais pelos que cadelas”



Leio na Folha:

“Dou para CUT pão com mortadela
e para as feministas, ração na tigela.
As mina de direita são as top mais belas
enquanto as de esquerda
têm mais pelos que as cadelas.”

Este é o principal verso da música tocada num trio elétrico em ato público de apoiadores do candidato Jair Bolsonaro (PSL) que ocorreu na manhã deste domingo (23) na Avenida Boa Viagem, no Recife. Trata-se de uma paródia da música Baile da Favela.

Em outro trecho, o deputado Jean Wyllys (PSOL) é citado. “Bolsonaro, capitão da reserva. Bolsonaro casou com a cinderela enquanto Jean Wyllys só tá vendo novela.”

O ato teve início às 9h. Muitas pessoas vestiam camisa da seleção brasileira e seguravam cartazes com frases que destacavam “a família, a moral e os bons costumes.”

Retomo

Pois é… Nunca a família, a moral e os bons costumes estiveram sob os cuidados de mãos, mentes e posturas tão, como posso dizer?, representativas da… família, da moral e dos bons costumes…

Não se trata de ser politicamente correto ou incorreto. A questão é de civilização.

Não se trata de uma divergência política, ideológica ou intelectual. A divergência  é moral.

“O Bolsonaro está internado, Reinaldo! O que ele tem com isso?”

Pois é…

Por que tal música seria impossível em comícios de apoio a todos os outros candidatos à Presidência, independentemente de sua orientação ideológica? Não caberia numa manifestação do PSOL, de Guilherme Boulos, nem numa do Novo, de João Amoêdo. Não seria aceita num ato de apoio a Fernando Haddad, do PT, nem a Gerado Alckmin, do PSDB. Seria impossível entre apoiadores de Ciro Gomes, do PDT, e de Henrique Meirelles, do MDB. Só para citar alguns opostos.

Logo, cabe perguntar: por que isso se dá entre os apoiadores de Bolsonaro?

Ora, se o líder disse o que disse sobre estupro e não se desculpou, alegando que só exercia o seu direito à imunidade parlamentar, parece que o menos, mas de mesma estirpe, está liberado entre os seguidores, não é mesmo? Se é possível dizer que não estupraria uma mulher porque esta não merece, além de, adicionalmente, ser feia — ressaltando, claro!, não ser um estuprador —, por que não chamar mulheres de cadela?

Ao que diria um exaltado: “Mulheres, não! Chamamos apenas as esquerdistas…”

Ah, bom. Poder-se-ia concluir que são cadelas que não merecem ser estupradas porque esquerdistas e peludas…

Não sei quanto tempo vai demorar para que esse tipo de estupidez volte para a caixinha.

E, claro, haverá quem diga que isso não passa de humor, de uma piada, de uma brincadeira…

Afinal, no dia em que não se puder chamar de “cadelas” as mulheres de esquerda, então não haverá mais liberdade de expressão no Brasil, não é mesmo?

Por Reinaldo Azevedo

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