O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu por maioria, nesta quarta-feira, manter o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) na presidência da Casa, mas tirá-lo da linha sucessória da Presidência da República. Com isso, os ministros derrubaram a liminar de Marco Aurélio Mello que havia determinado o afastamento do peemedebista na última segunda-feira.
O destino de Renan começou a ser decidido às 14h11, quando a ministra Cármen Lúcia declarou aberta a sessão plenária do STF. Nos bastidores, armava-se uma guinada para manter o peemedebista na presidência do Senado, mas com a ressalva expressa de que, por ser réu em ação penal, não poderia efetivamente suceder o chefe do Executivo. Na condição de presidente do Senado, o peemedebista Renan Calheiros é hoje o segundo na linha sucessória, atrás do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ). O Supremo caminhava para a interpretação de que, em vez de tirar um réu do cargo de presidente do Senado por ter perdido requisitos necessários para integrar a linha sucessória, tirava-se do cargo uma de suas prerrogativas. “É uma meia sola constitucional, o famoso jeitinho brasileiro”, resumiu o ministro Marco Aurélio Mello, que havia concedido uma liminar para apear Calheiros do cargo de presidente do Senado.
Réu por peculato em uma ação motivada a partir de denúncia de VEJA – ele teve despesas particulares pagas pela empreiteira Mendes Jr – Renan Calheiros ganhou sobrevida no Supremo. Decano do STF, Celso de Mello apresentou a proposta que salvaria o senador alagoano por volta das 5 horas da tarde. O político pode se manter na presidência do Senado mesmo sendo réu, situação que não foi aplicada, por exemplo, ao peemedebista Eduardo Cunha à frente da Câmara dos Deputados. A ressalva: se Michel Temer ou Rodrigo Maia não puderem assumir o Palácio do Planalto por qualquer razão, Renan Calheiros também não pode, mas continua como presidente do Senado.
“Os agentes públicos que detêm titularidades funcionais que os habilitam constitucionalmente a substituir o chefe do Poder Executivo da União em caráter eventual não ficarão afastados dos cargos de direção que exercem. Na realidade apenas sofrerão interdição do ofício temporário de presidente da República. Não se justifica o afastamento cautelar do presidente do Senado da posição para a qual foi eleito pelos seus pares”, disse Celso de Mello. Ele havia pedido a palavra imediatamente após o relator, uma sinalização de que, como decano, poderia assumir o eventual desgaste de manter Renan Calheiros na presidência do Senado.
Em seu voto, o magistrado alegou que não há “perigo na demora” de se manter o senador no posto de cúpula porque, em uma eventual ausência do presidente Michel Temer, o presidente da Câmara Rodrigo Maia poderia assumir o cargo normalmente. Foi seguido pelos ministros Teori Zavascki, que havia concedido liminar para afastar do cargo o peemedebista Eduardo Cunha, e por Dias Toffoli, Luiz Fux e Ricardo Lewandowski. O julgamento ainda não terminou e falta votar a ministra Cármen Lúcia.
“Não há essa previsão constitucional [de retirar da presidência do Senado] porque analogicamente é um procedimento, sujeito ao contraditório para a própria Casa Legislativa, afastar o parlamentar. Diante da inexistência de precisão constitucional de afastamento e, tendo em vista uma agenda política nacional que clama por socorro e deliberação imediata, estamos vivendo quer queira quer não, uma anomalia institucional”, disse Luiz Fux.
Em duro voto, o ministro Marco Aurélio Mello criticou a postura de Renan Calheiros de desafiar o STF e não cumprir de imediato a ordem para deixar a presidência do Senado. “Hoje pensa o leigo que o Senado Federal é o senador Renan Calheiros. Se diz que sem ele, e a essa altura está sendo tomado como um salvador da pátria amada, não teremos a aprovação de medidas emergenciais visando combater o mal maior, a crise econômica e financeira a provocar desalento e ausência de esperança aos jovens que são projetados e colocados nesse mercado desequilibrado de trabalho. Quanto poder”, ironizou o magistrado.
2 comentários:
Acabou.
Esta é a expressão que cabe à situação vivida pela "suprema" (?) corte brasileira.
O STF está em farrapos, desprestigiado, desmoralizado, acochambrado, de joelhos, tanto pela votação como pelo descumprimento de uma medida judicial por ele emitida.
O Renan estava certo ao bater o pé e dizer: daqui não saio, daqui ninguém me tira.
Pobre país.
O mais triste é que imaginar que amanhã nenhum brasileiro mais lembra desta vexatória situação, e vamos à cervejinha, ao bate papo e tudo correrá como dantes no quartel de abrantes.
A foto que ilustra esta matéria dá bem conta que Renan está igual cavalo em dia de desfile: andando, cagan... e sendo aplaudido.
De Terra de Santa Cruz à Terra Das Intenções e Ações Esquisitas, foi só o Cabral começar a coçar
Convenhamos, não sejamos hipócritas. Coisa mais corriqueira é Oficial de Justiça levar balão e, por extensão, o Judiciário.
Coisa também corriqueira, é engavetamento e/ou esquecimento estratégico de processos, tudo em conformidade com o previsto em códigos e a busca de harmonia com possíveis ações e intenções esquisitas, sejam ou não abstratamente perpetradas por inevitáveis ruídos externos e internos - as quais, certamente, inerentes a fatores pura e caprichosamente humanos.
Infelizmente, a mediocridade e/ou esquisitas intenções e ações cada vez mais tomam conta das Instituições.
- Uai, sô! Nem o ésse, o tê e o éfe escapa, dotô?
- Pelo que acabamos de assistir... Nem!
- Vixe, nossa! Parece conto do vigário, dotô! Cruz credo ave maria!
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