domingo, 11 de dezembro de 2016

HISTERIA – Ex-ministro de Dilma chama Moro de criminoso e gatuno


O novo ministro da Justiça, Eugênio Aragão

Tenho chamado atenção dos leitores faz tempo para a delinquência intelectual que toma conta do debate. E, se querem saber, ninguém é monopolista nem da baixaria nem do comportamento. Já chego lá.

O juiz Sergio Moro conferiu na sexta uma palestra na Universidade de Heidelberg, na Alemanha. Houve manifestações de brasileiros na plateia a favor e contra o juiz. Um cartaz o chamada de “meu herói”; outro, de “bandido”. Na sua intervenção, o juiz negou o caráter político da Lava Jato: “A operação não é uma bruxa caçadora (…). Não joga com a política. Nenhuma prisão aconteceu com base em opiniões políticas, mas em evidências de que crimes foram cometidos”.

Todos sabem que não pertenço à “Igreja Morista” e que considero essa idolatria uma desserviço à própria Lava Jato. Mas é evidente, e já deixei isso claro tantas vezes, que a operação faz um trabalho fundamental de saneamento dos hábitos e costumes da vida pública brasileira. Por isso mesmo, há de ser estritamente fiel às leis e ao decoro. A operação vive aquele momento delicado em que não tem o direito de errar. Avancemos.

Atenção! Acadêmicos de esquerda enviaram um abaixo-assinado em alemão para o professor Markus Pohlmann, da Heidelberg, atacando o juiz (vejam na sequência). Só eles? Não! Também José Eugênio de Aragão, último ministro da Justiça de Dilma, subprocurador-geral da República e professor de Direito Internacional Público na Universidade de Brasília, resolveu difamar Moro. Enviou uma mensagem espantosa ao professor Pohlmann. Ele se orgulhou tanto de seu feito que espalhou o texto, no original, em alemão, e uma tradução de própria lavra. Chama Moro de “criminoso”, “gatuno” e “causador de zorra”.

A tradução

Muito honrado Professor Pohlmann, gratíssimo por sua resposta rápida. Na condição de ex-ministro da Justiça da Presidenta Dilma Vana Rousseff, desejo, entretanto, acrescentar um aspecto importante, que aparentemente não foi devidamente compreendido. Aqui não estamos falando de política. Se nossa crítica se relacionasse a nossas eventuais convicções políticas, entenderia bem que a academia não devesse lhe dar maior atenção. Mas nós estamos falando de ética da ciência. O Sr. Moro é um criminoso, também sob a perspectiva alemã. Ele se tornou punível quando violou sigilo funcional, para não falar em prevaricação. Não consigo imaginar que o Sr. convidasse como conferencista um gatuno, para que expusesse a seu honrado público, friamente, sob a perspectiva científica, seu procedimento de gatunagem. É disso que se trata. Peço-lhe sua compreensão, mas, numa época em que no nosso país a norma jurídica não vale nada, precisamos que nações culturais como a Alemanha não contribuam para premiar e honrar um causador dessa zorra, ao invés de repudiá-lo. Com saudações amistosas, Dr. iur. Eugenio de Aragao, LL.M. Subprocurador-Geral da República, Professor de Direito Internacional Público na Universidade de Brasília e ex-ministro da Justiça.

Carta dos professores

A carta dos ditos acadêmicos não fica atrás. Sustenta que Sergio Moro:
– ajudou a dar o golpe que depôs Dilma;
– serve aos piores “interesses antidemocráticos”;
– tem como único interesse a prisão de Lula;
– tem a sua atuação investigada por órgão da ONU;
– divulgou de forma ilegal conversas de Lula em conluio com a Globo;
– atua sem respeitar as leis e a Constituição;
– fornece informações sigilosas a órgãos de investigação dos EUA para pressionar os investigados.

Resposta

Pohlman respondeu às mensagens nos seguintes termos:
– Moro é um convidado a falar num seminário sobre corrupção;
– o convite tem interesse científico:
– desde que a operação existe, a universidade quer conhecer o caso e debater a formação do cartel de empreiteiras;
– embora reconheça as controvérsias políticas, o que se quer é debater o combate à corrupção ligada à questão da economia;
– a palestra é pública, e haverá meia hora para que, durante o debate, críticos da operação se manifestem;
– o convite a Moro não tem nenhum viés político.

Por Reinaldo Azevedo (texto original aqui)

Um comentário:

1, 2, 3 ... disse...

Lixo.