Quem ganha e quem perde, do ponto de vista político, com o resultado do julgamento havido no Supremo nesta quarta-feira, que, por seis votos a três, decidiu que Renan Calheiros (PMDB-AL) continua à frente do Senado?
Bem, basta ver os que estão insatisfeitos com o resultado.
Atenção! O Supremo não tomou uma decisão política, mas técnica. Não se tratou de fazer um arranjozinho.
Antes que prossiga, uma observação. Renan é quem é. Acho que já são 10 os inquéritos em que é investigado só na Lava Jato. Por alguma razão misteriosa, Rodrigo Janot, procurador-geral da República, não oferece denúncia contra ele. Não obstante, jogando pra galera, para enganar incautos, já chegou a pedir a sua prisão. Nesta quarta, opinou que deveria ser destituído da Presidência do Senado. Mas denúncia mesmo… Nada! Ninguém entende por quê. Adiante.
O primeiro que pode e deve comemorar é o governo do presidente Michel Temer. Se você está entre aqueles que defenderam o impeachment e entendem que o bom desempenho da atual gestão é vital para o país, então deve considerar a hipótese de aplaudir o resultado.
Se Renan tivesse sido destituído, assumiria o seu lugar o senador Jorge Viana (PT-AC). Nessa crise ao menos, ele se comportou com correção e foi sincero: se assumisse, iria seguir a orientação do PT e bombardear a PEC do Teto. Do ponto de vista político, é muito importante que o texto seja aprovado ainda neste ano.
A queda de Renan e a ascensão de Viana implicariam um revés para Temer. Os mercados teriam reagido negativamente. Gente que especula com câmbio, com dólares, deve ter perdido dinheiro. De imediato, as apostas caminharam no sentido de que a Corte endossaria a liminar de Marco Aurélio. A imprensa chegou a misturar duas votações distintas: a de mérito e a liminar.
Então, vá anotando: o governo Temer ganhou, o corte de gastos ganhou, a estabilidade ganhou. Os especuladores perderam.
Mas não são só esses os insatisfeitos. O PT também está furioso — inclusive com o próprio Jorge Viana. O partido acha que ele deveria ter ficado quieto sobre o que faria no caso da PEC do Teto, que não deveria ter assinado o ato da Mesa que resistiu à liminar de Marco Aurélio e que deveria ter atuado para ficar no lugar de Renan, o que seria visto como uma derrota da agenda Temer.
Também perdeu a extrema esquerda, que vive tratando a PEC do Teto como se fosse o novo Apocalipse. Qualquer empecilho que se crie ao texto, tanto melhor.
E está infeliz também a extrema direita. Quanto mais turbulentas forem as relações entre os Poderes, mais ela se sente no seu ambiente, apta a exercer aquele discurso conhecido de ódio à política e a todos os políticos. São o correlato oposto da esquerda. Todas essas forças apostam no caos, na desordem, no choque entre Poderes, na desconfiança.
Reitero: a decisão do Supremo foi estritamente técnica — não havia urgência que a justificasse. Mas fez bem à política, não porque Renan seja um homem de qualidades admiráveis, mas porque se preserva a agenda que pode contribuir para tirar o país do buraco.
Afinal, quem foi às ruas gritar “Fora Renan” não estava pedindo “Dentro PT”, certo? Não estava, mas era esse o desdobramento inevitável. Nesse caso, o que fazer?
Retomo a minha ideia revolucionária: respeitar a Constituição e as leis.
Por Reinaldo Azevedo
Por Reinaldo Azevedo
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