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Um e-mail interceptado pela Polícia Civil de São Paulo mostra uma conversa entre dois advogados do PCC em que falam sobre “molhar” a mão de um desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo para conseguir uma decisão favorável. No mesmo texto, também é dito que um delegado de Sorocaba (SP) poderia ajudar a facção alterando ou arquivando inquéritos contra detentos.
O e-mail (confira abaixo) foi enviado por Davi Gonçales a Anna Fernandes Marques. Os dois foram presos na Operação Ethos, que desmontou o núcleo jurídico da facção criminosa em novembro. No início da mensagem, ele pede a opinião dela sobre a proposta que seria encaminhada a Paulo Sergio Ramalho de Oliveira, o Paulo Pimenta, outro advogado preso na operação.
O texto consta da denúncia apresentada pelo Ministério Público de São Paulo à Justiça contra os advogados da chamada “célula R”, que se tornaram réus no processo. Seguindo a hierarquia, as mensagens eram enviadas a vários advogados até chegar ao topo da rede, Valdeci Costa, que atuava como uma espécie de “CEO do PCC”. Ele, por sua vez, prestava contas aos chefes da facção, entre eles Marcos Herbas Camacho, o Marcola, que hoje estão presos sob o regime disciplinar diferenciado (RDD) na penitenciária de Presidente Bernardes (SP).
Davi Gonçales foi o advogado responsável por arregimentar o ex-vice-presidente do Conselho Estadual de Direitos Humanos Luiz Carlos dos Santos, também preso na Ethos, para trabalhar em prol da facção. Pelos serviços, ele recebia uma mesada que começou em 2.000 reais e chegou a 5.000 reais neste ano. Ele é o DH – Direitos Humanos – mencionado no texto e a ponte com o delegado e o desembargador citados.
“O dh disse que é o mesmo sistema, consegue deferimento mas tem que “molhar” a mão do desembargador que jantou conosco, perguntei se dava certo mesmo mas ele disse que se eu não acredito podemos pagar depois do deferimento desde que seja fiel. OBS.: Esse desemb. é o que esta escrito em nossas carteirinhas”, diz Davi, no e-mail.
Em relação ao delegado, Davi vai além e diz que, por intermediação do ex-conselheiro dos Direitos Humanos, o titular poderia mexer em inquéritos, como mudar o flagrante de tráfico para consumo de drogas ou até pedir o arquivamento dos mesmos. “O cliente sai da delegacia pela porta da frente”, escreve Gonçales.
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