Ricardo Noblat
A espantosa quantidade de aberrações ditas por Lula de público ou no sigilo do seu instituto, em São Paulo, o maior vazadouro político a céu aberto da República, preocupa, e com razão, as cabeças mais sensatas e inteligentes do PT e do governo. Sim, porque tanto num lugar e como no outro, elas ainda existem.
Lula não estava pronto para carregar o fardo de más notícias que se abatem sobre ele, seu partido e o governo que comanda à distância. Aprendeu pouco com o escândalo do mensalão, do qual escapou graças ao prestígio que acumulara com sua primeira eleição para presidente.
E de lá para cá, apesar da eclosão de outros escândalos e da condenação que ele não julgava provável dos mensaleiros, simplesmente nada parece ter aprendido. Mesmo com o desastre do desempenho de sua sucessora, imaginou que bastaria dar tempo ao tempo para emergir como todo poderoso candidato à vaga dela.
Quando a ficha começou a cair, ele revelou todo o seu despreparo para tentar sobreviver ao vendaval. Em Salvador, há 10 dias, ele disse coisas do tipo:
“(...) um cidadão é preso e delata até a mãe, se for o caso, pra poder sair da enrascada”. Como se a lei da delação fosse invenção dos seus inimigos e não de Dilma, sua aliada. Como se muito do que disseram os delatores da Lava-Jato até aqui não tivesse sido comprovado por meio de provas.
“(...) A gente não pode permitir que ladrões queiram pôr na nossa testa o carimbo da corrupção”. Ora, por que não? Quantos ladrões não são condenados a partir da confissão de outros ladrões?
“(...) Eu, de vez em quando fico muito puto quando vejo corruptos históricos falando de ética.” Fica por quê? Quantos “corruptos históricos” não governaram com ele? Quantos não governam com Dilma? Hipocrisia!
“(...) Eles não se conformam com um analfabeto que governou melhor do que eles”. Discurso velho, que já não convence mais ninguém.
“(...) O que eles fazem com a Dilma é nojento. Eles têm preconceito, veem a mulher como objeto de cama e mesa. Machistas." Coisa mais tola, idiota e descolada da realidade. Lula explorou a condição de mulher de Dilma para elegê-la. Tenta fazer o mesmo para sustentá-la. Truque bobo.
Nas últimas 48 horas, por conta da ação da Polícia Federal contra um dos seus filhos, ele quase perdeu a cabeça. E em conversas com fiéis acólitos que costumam visita-lo, disparou palavrões e mais asneiras.
Responsabilizou pela ação Dilma e José Eduardo Cardoso, ministro da Justiça. Acusou-os de ter perdido o controle sobre a Polícia Federal.
Ora, a Polícia Federal é um órgão do Estado, não do governo. Nem mesmo o presidente da República pode orientar seu comportamento. Desrespeita a lei se tentar.
Apresentou-se como alvo número 1 da Polícia Federal, que pretende enfraquece-lo para abortar sua candidatura a presidente daqui a três anos.
Como se não fosse o culpado por estar sendo investigado em várias frentes. Como se não houvesse fortes indícios de que ele prevaricou e deixou que prevaricassem.
O Diretório Nacional do PT se reunirá em Brasília amanhã. Lula deverá estar presente – segundo alguns dos seus confidentes, para pregar uma forte reação dos companheiros em sua defesa.
Terá mais uma oportunidade para sacar em cima do estoque de besteiras que acumulou ao longo de todos esses anos.
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