sábado, 31 de outubro de 2015

Fatiamento da Lava Jato não precisa necessariamente acabar em desastre


Zavascki é o relator da Operação Lava-Jato no STF (Foto: André Coelho / Agência O Globo)

Ao retirar o processo sobre a corrupção na Eletronuclear das mãos do juiz Sérgio Moro, o ministro Teori Zavascki, do STF, deixou claro que a Lava Jato será mesmo fatiada. A dispersão de uma operação bem-sucedida tem cara de desastre, tem chifres de desastre, tem rabo de desastre. Mas pode ser apenas uma oportunidade.

A transferência dos processos para longe de Curitiba tornou-se uma espécie de sonho dos suspeitos de corrupção. Isso ocorre porque a força-tarefa da Lava Jato e o juiz Moro converteram suas vidas num pesadelo. Os encrencados têm a esperança de encontrar vida fácil longe da máquina de moer instalada na capital do Paraná.

Vai prevalecendo a tese segundo a qual só deve permanecer sob os rigores do doutor Moro o pedaço da pilhagem diretamente relacionado à Petrobras. Já havia sido remetido para São Paulo um processo que envolve a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) e o ex-ministro Paulo Bernardo. Agora, seguirão para o Rio os autos da Eletronuclerar, que mencionam o senador e ex-ministro Edison Lobão (PMDB-MA).

Os magistrados escalados para digerir fatias da Lava Jato não receberão apenas mais um processo. Caiu-lhes sobre o colo uma oportunidade para demonstrar que há juízes também fora 3ª Vara Federal de Curitiba. O fatiamento da Lava Jato só será um desastre se, em vez de aproveitar a oportunidade, os novos juízes se tornarem oportunidades que os corruptos aproveitam.

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