A cunhada do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, Marice Corrêa de Lima, declarou ao Fisco operações de empréstimos, no valor total de R$ 120 mil, envolvendo dois réus do processo da Bancoop (Cooperativa Habitacional do Sindicato dos Bancários de São Paulo): Ana Maria Ernica e Letícia Achur Antônio.
Fundada por um núcleo do PT, nos anos 1990, dentro do Sindicato dos Bancários de São Paulo, a Bancoop quebrou em 2006, deixando um prejuízo de mais de R$ 100 milhões para mais de 2,5 mil mutuários que pagaram por imóveis que nunca receberam.
Vaccari (ex-presidente da Bancoop), Ana Maria (ex-diretora-financeira e Letícia (advogada) estão no banco dos réus da Justiça de São Paulo, desde 2010, acusados de estelionato e lavagem de dinheiro.
O processo corre na 5ª Vara de São Paulo. Segundo a denúncia do Ministério Público Estadual, parte do dinheiro desviado da Bancoop pelos ex-diretores teria sido usada para bancar campanhas do PT.
A Operação Lava Jato busca saber agora qual o motivo dos empréstimos feitos pelas duas acusadas do caso Bancoop. Os empréstimos apareceram nas declarações de Imposto de Renda da cunhada de Vaccari.
O processo da Bancoop originado em 2010 foi citado pelos procuradores da força-tarefa da Lava Jato, ao denunciarem Vaccari este ano pelo desvio de recursos para o PT em contratos da Petrobrás, como prova de continuidade delitiva do acusado.
A força-tarefa da Lava Jato suspeita que a cunhada “funcionava como uma auxiliar de João Vaccari Neto para operacionalizar a propina destina ao Partido dos Trabalhadores”.
Empréstimos sob suspeita. No primeiro empréstimo sob investigação, Ana Maria tomou R$ 95 mil, em 2006, e teria pagou o valor em três anos para Marice. No segundo, a cunhada tomou de Letícia R$ 30 mil, em 2009.
Segundo consta na declaração, o primeiro valor foi dado em junho de 2006 à ex-diretora financeira da Bancoop por meio de “um contrato de mútuo” entre as partes.
Na declaração ao Fisco feita por Ana Maria – anexada no processo da Bancoop – consta o registro do contrato de mútuo com Marice, no valor de R$ 95 mil, com detalhamento do pagamento. “A ser restituído em 3 parcelas anuaius (2007 / 2008 / 2009).”
O empréstimo feito com a advogada da Bancoop, em 2009, está registrado na declaração de Marice de 2011, no valor de R$ 30 mil. O valor teria sido tomado pela cunhada de Vaccari e quitado em 2010.
Nova denúncia. Nesta segunda-feira, 27, Vaccari foi alvo de mais uma denúncia criminal – desta vez no âmbito dos processos da Lava Jato, na Justiça Federal, em Curitiba – por lavagem de dinheiro.
O ex-tesoureiro é acusado de usar a Editora Gráfica Atitude, para desviar propina da Petrobrás para o PT.
O Sindicato dos Bancários de São Paulo, de onde vem Vaccari, é filiado à Central Única dos Trabalhadores (CUT) e um dos donos formais da Editora Gráfica Atitude.
A empresa recebeu R$ 2,4 milhões do grupo Setal - uma das 16 integrantes do cartel acusado de corrupção na Petrobrás - entre 2010 e 2013.
Na denúncia desta segunda-feira, o Ministério Público Federal sustenta que Vaccari orientou o executivo Augusto Mendonça – delator da Lava Jato – a fazer o pagamento de propina por meio de pagamentos oficiais para a editora.
Além do sindicato dos bancários, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC – também filiado à CUT – figura como proprietário da Editora Atitude.
O criminalista Cláudio Pimentel, que defende Marice, não foi encontrado nesta segunda-feira, 27. Em outra ocasião, ele afirmou que toda sua movimentação financeira está declarada no Imposto de Renda.
Preso desde o dia 15, na sede da Polícia Federal, em Curitiba, Vaccari nega, por meio de defesa, irregularidades. Com sua prisão, a Justiça paulista já acionou o juiz federal Sérgio Moro – que conduz os processos da Lava Jato – para que ele seja ouvido no caso Bancoop. (AE)
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