Parece cena de filme. Em 10 de setembro, o bandido carioca Rodrigo Prudêncio Barbosa, o Gordinho, de 35 anos, ex-gerente do tráfico no Complexo do Alemão, sentou-se com policiais em uma sala da Penitenciária Bangu 9, onde cumpria pena de doze anos por homicídio e assalto, e pôs-se a descrever, com abundância de detalhes, o funcionamento, os planos de ação e a perturbadora pregação doutrinária do Comando Vermelho, a maior e a mais brutal facção criminosa do Rio de Janeiro.
Durante duas horas e meia, Barbosa identificou, um a um, os treze presidiários a quem a alta cúpula do CV delegou as decisões do dia a dia da organização. Também traçou as linhas gerais do projeto que hoje norteia o bando: retomar territórios enfraquecidos com a instalação de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). E ainda acrescentou que, para garantir o abastecimento de armas e drogas, a quadrilha reatou relações com o Primeiro Comando da Capital, a poderosa facção do crime em São Paulo. “Poucas vezes tivemos em mãos um relato tão completo e esclarecedor”, diz um integrante do setor de inteligência da polícia do Rio.
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