O Hotel Saint Peter, em Brasília, contratou o ex-ministro José Dirceu, que cumpre pena no Complexo Penitenciário da Papuda, como gerente administrativo, com salário registrado de 20 000 mensais. A carteira de trabalho do petista foi assinada na última sexta-feira.
A defesa de Dirceu enviou cópia dos registros de trabalho assinados pelo hotel ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo que ele possa deixar o presídio durante o dia para trabalhar, já que cumpre pena inicialmente em regime semiaberto – poderia trabalhar das 8h às 17h e dormir na cadeia. Conforme os documentos anexados, na carteira de trabalho da atual gerente do hotel, Valéria Linhares, a remuneração para o cargo é bem inferior: 1 800 reais.
Na ficha cadastral preenchida protocolarmente, Dirceu afirmou que precisa trabalhar “por necessidade” e que “aprecia hotelaria e a área administrativa”. O petista listou uma série de hobbies que praticava nas horas de lazer – antes de ser condenado por corrupção ativa e formação de quadrilha pelo Supremo –, como leitura, filmes e viagens, e informou praticar “caminhadas” regularmente.
Nos bastidores, a função administrativa escolhida pelo mensaleiro é interpretada como uma estratégia para evitar um embate direto com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). A entidade já recebeu pedido para cassar a carteira profissional do ex-ministro.
O dono do hotel é Paulo Masci de Abreu, de 61 anos. O Saint Peter pertencia ao ex-deputado Sérgio Naya, que foi cassado depois da queda do Edifício Palace II, no Rio de Janeiro, em 1998. A tragédia deixou oito mortos. Quando os bens de Naya foram leiloados, em 2005, Abreu arrematou o hotel, que anuncia uma noite em um quarto duplo pelo preço de 560 reais. Paulo é irmão José Masci de Abreu, presidente do nanico PTN, que apoiou a eleição de Dilma Rousseff em 2010. O empresário é dono de pelo menos dez empresas – a maioria delas, no ramo da comunicação, como as rádios Kiss FM e Tupi FM.
O ambiente hoteleiro não é novidade para Dirceu. Em 2011, VEJA revelou que o mensaleiro tinha um "gabinete" em outro hotel de Brasília, o Naoum, onde recebia altos dirigentes do governo federal. Entre os políticos que se encontravam com Dirceu estava o ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento), o então presidente da Petrobras, Sergio Gabrielli, os senadores Walter Pinheiro (PT-BA), Lindbergh Farias (PT-RJ), Delcídio Amaral (PT-MS) e Eduardo Braga (PMDB-AM), além dos deputados Devanir Ribeiro (PT-SP) e Candido Vaccarezza (PT-SP).
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