Carlos Brickmann
O caro leitor acredita que a denúncia de formação de cartel para superfaturar equipamentos do Metrô paulistano (e, eventualmente, de outros metrôs e trens de transporte urbano espalhados pelo país) será investigada a fundo, com seriedade?
Este colunista aposta uma gravação de The Sound of Silence, com Simon e Garfunkel, contra o Blowin’ in the Wind, versão Eduardo Suplicy, como não será.
O Brasil é um país curioso. Já condenou um intermediário de distribuição de propina, PC Farias, sem identificar nem os pagadores nem os recebedores. Já condenou um grupo de políticos e empresários no caso do mensalão, em última instância, mas a última instância aqui não é a última, porque cabe recurso.
Por que não criticar duramente os corruptores (sem, naturalmente, puni-los) e deixar de lado a investigação a respeito dos corrompidos? Esse tipo de investigação é tão brasileiro quanto a feijoada, a goiabada com queijo e a pizza à portuguesa.
E, cá entre nós, quem vai atirar a primeira pedra? Alguns mamutes empresariais são os grandes financiadores de campanha dos maiores partidos; e os partidos que não recebem se calam, à espera de sua hora de glória.
Há algum tempo, uma operação da Polícia Federal acertou o centro do alvo: descobriu-se quem pagava e quem recebia. Mas, por falta de informações, todos saíram ilesos. Construções de areia são frágeis na praia. Na vida real, são uma fortaleza, um sólido castelo.
Petistas e tucanos vão se xingar, uns acusando os outros. Mas sabem que investigação em excesso, como remédio em excesso, faz mal para todos eles.
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