sexta-feira, 1 de março de 2019

Então Bolsonaro virou militante contra ditaduras 2 dias depois de cantar as glórias de ditador?



Sim, senhores! Se Fernando Haddad tivesse vencido as eleições, é muito provável que eu estivesse aqui a criticá-lo duramente porque me parece certo que o governo brasileiro estaria fazendo o que o PT fez nos quase 13 anos em que ficou no poder: dando suporte ao chavismo — ou, se quiserem, ao bolivarianismo. E é provável que estivesse mandando às favas escrúpulos democráticos, que, para mim, são inegociáveis, como inegociável é a institucionalidade que deve pautar a relação entre países. A propósito: Bolsonaro se compromete a não dar mão, nos quatro anos em que estiver no governo, a ditador de nenhuma espécie? Lamento dizer: se o fizer, estará atentando contra interesses brasileiros. Muitos deles lideram nações que compram o que produzimos — a começar da ditadura chinesa. E não que a Bolsonaro repudie de tal ordem a ditadura que é capaz de quebrar a institucionalidade, como fez. Na terça-feira, no Paraguai, elogiou fartamente Alfredo Stroessner. Foi um ditador e ladrão que comandou por 34 anos um regime assassino no Paraguai: entre agosto de 1954 e fevereiro de 1989. Ele também foi um general, era amigo da ditadura militar brasileira. Não se cantam as glórias de um tirano na terça para, na quinta, ignorar todos os protocolos das relações internacionais com a justificativa de que se combate um ditador. Não faz sentido.

Por Reinaldo Azevedo

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