Com um atraso de quase seis horas, Jair Bolsonaro lamentou nas redes sociais a morte das vítimas do massacre da escola de Suzano, em São Paulo. Fez isso numa mensagem bem comportada. Prestou condolências às famílias dos mortos. Chamou o fato pelo nome próprio: "desumano atentado." Qualificou a atitude dos assassinos: "Uma monstruosidade e covardia sem tamanho." No final, o capitão injetou o Todo-Poderoso na conversa: "Deus conforte o coração de todos."
Todos sabem o que Bolsonaro gostaria de dizer. Mas o discurso do capitão foi como que terceirizado. O senador Flávio Bolsonaro, primogênito do presidente, também expressou nas redes sociais seus sentimentos de pesar. Mas ele fez um adendo à solidariedade que rendeu aos familiares das vítimas. Escreveu: "Mais uma tragédia protagonizada por menor de idade e que atesta o fracasso do malfadado estatuto do desarmamento, ainda em vigor".
O senador Major Olímpio, hoje a principal voz do PSL, partido de Bolsonaro, no Senado, foi ainda mais explícito: "Se tivesse um cidadão com arma regular dentro da escola —professor, servente, um policial militar aposentado—, ele poderia ter minimizado o tamanho da tragédia", disse o Major. "Vamos, sem hipocrisia, chorar os mortos e discutir a legislação, e onde estamos sendo omissos."
Ecoando um pensamento que Bolsonaro trombeteia desde a campanha, Major Olímpio disse que a "política desarmamentista fracassou". Daí a necessidade de armar todo mundo. Não é que o presidente, seus filhos e seus aliados não tenham enxergado uma solução para o problema da violência. A questão é que eles ainda não enxergaram nem o problema. Tornaram-se parte da encrenca. A pistola acima de tudo. Depois das mortes, Deus acima de todos.
Por Josias de Souza
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