À parte as inconveniências de sempre do tipo fazer graça sem graça ao negar que é homofóbico, falar mal do país que herdou dos seus antecessores e comportar-se como se ainda estivesse em palanque, o presidente Jair Bolsonaro só saiu do script no segundo dia de sua visita a Washington ao citar a “capacidade bélica” americana para resolver a crise na Venezuela.
Aí, tenha paciência, acendeu a luz vermelha entre os que o cercam de perto e os que aqui ficaram aflitos à distância. Por mais orientado que tenha sido para que não abrisse a porta a uma eventual intervenção militar dos Estados Unidos naquele país, Bolsonaro descuidou-se tamanha era sua preocupação em agradar o presidente Donald Trump que o receberá, hoje, na Casa Branca.
Quem costuma corrigir Bolsonaro é o vice-presidente Hamilton Mourão, mas desta vez não seria o caso. Ao general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional, cabe repreendê-lo com franqueza. Os dois são amigos. Bolsonaro voltou a afagar Heleno com juras de amor. Sobrou então para o general Otávio do Rêgo Barros, o porta-voz da presidência.
Rêgo Barros restabeleceu a ordem no pedaço ao repetir que o Brasil seguirá buscando uma solução diplomática para tirar Nicolás Maduro do poder na Venezuela. Uma ação militar no país vizinho, segundo ele, estaria em desacordo com a Constituição. Bolsonaro, que tanto a exalta em pronunciamentos oficiais, vez por outra a esquece ao falar de improviso. É quando parece sincero.
Por Ricardo Noblat
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