quinta-feira, 14 de março de 2019

Bolsonaro e PT, tudo a ver


Jair Bolsonaro (em entrevista a VEJA, na semana passada): “Há três, quatro anos eu não tenho tempo para falar em livro. (…) Eu fico no WhatsApp.”; Lula, em entrevista à Rádio Tupi, em 2009: “Eu não consigo ler muitas páginas por dia, dá sono. Vejo televisão. Quanto mais bobagem, melhor para mim. Eu quero é limpar a cabeça.”

Cara de um, focinho do outro


Em muitas coisas eles se parecem. Certamente foi por isso que tudo fizeram para se enfrentar no segundo turno da eleição presidencial do ano passado.

Ao longo do primeiro, o PT poupou Bolsonaro de críticas. Deixou para Geraldo Alckmin (PSDB) o serviço sujo de tentar destruir a imagem dele. Não deu certo.

Bolsonaro sempre soube que o adversário ideal para derrotar seria o PT. Suas chances seriam menores se seu adversário no segundo turno fosse qualquer um dos outros.

O que Bolsonaro faz agora com a imprensa rebelde aos seus desejos é o que o PT fez com menos estridência na época em que governou. Quer emparedá-la.


Se Lula, em comícios, chegou a citar o nome de jornalistas críticos do seu e depois do governo de Dilma, Bolsonaro procede da mesma maneira, na maioria das vezes por meio das redes sociais.

São dois irresponsáveis. Não se preocupam com as eventuais e perversas consequências à segurança de profissionais que apenas cumprem o seu dever de ofício.

Mas há uma diferença entre Lula e Bolsonaro: um está preso. O outro é o presidente da República, recém-eleito, e ainda com alto índice de aprovação.

Lula já não representa perigo algum para quem discorde dele – salvo dentro do PT, naturalmente. Bolsonaro é o perigo em pessoa.

Por Ricardo Noblat

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