Ninguém disse ainda, talvez por pena, mas o governo de Jair Bolsonaro sofre um apagão político-gerencial. A nova administração vive uma pane antes de completar três meses de existência. De acordo com uma lei não escrita da política, esse seria um período em que o presidente teria direito a uma tolerância, para se estabelecer no poder e deflagrar os seus planos. Mas Bolsonaro conseguiu transformar lua-de-mel em pesadelo. Fez isso sem a ajuda da oposição.
O governo dividiu-se em quatro grupos: a ala dos superpoderosos, o bloco circense, o núcleo militar e o puxadinho dos filhos. Na ala dos superpoderosos, a reforma previdenciária de Paulo Guedes subiu no telhado. E o pacote anticrime e anticorrupção de Sergio Moro passa por um processo de lipoaspiração num grupo de trabalho da Câmara.
No bloco circense, Vélez Rodrigues leva o MEC à corda bamba e a "estilista" Damares Alves diverte a plateia ensinando que meninas vestem rosa e meninos vestem azul. O núcleo militar cumpre a ordem de organizar a estapafúrdia comemoração do aniversário de 55 anos do golpe de 64, enquanto estuda uma maneira de tutelar o presidente. E o puxadinho dos filhos dedica-se a ajudar o pai-presidente a tocar fogo no circo.
Após sofrer uma derrota vexatória na Câmara, com a aprovação de emenda que engessa mais um orçamento que a pasta da Economia queria liberar, Bolsonaro diz que vai dialogar com presidentes e líderes de partidos. Para fazer isso, talvez tenha de ficar fora de si, pois não está habituado a sentar-se à mesa. Acostumou-se a virar a mesa. Para Bolsonaro, o bom diálogo é quando ele consegue obrigar o interlocutor a calar a boca. Ou o capitão revoluciona sua personalidade ou o apagão do governo desligará o Brasil da tomada.
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