Às vésperas de completar três meses na Presidência, Jair Bolsonaro teve uma terça-feira atípica. Pela manhã, a primeira-dama Michelle levou-o ao cinema, num shopping de Brasília. À noite, foi enviado pelos deputados para o inferno, no plenário da Câmara. Irritados com o comportamento imperial do Planalto, os partidos de tendência governista se uniram às legendas oposicionistas para converter o capitão numa espécie de Napoleão do Twitter. Imbatível na trincheira virtual das redes sociais, Bolsonaro foi descoroado no mundo real do Legislativo.
O vexame imposto ao governo foi tramado com método. Retirou-se do paiol onde são guardados os artefatos tóxicos uma pauta-bomba de 2015. Coisa concebida para explodir no colo da então presidente Dilma Rousseff. Entre os signatários da peça estavam, suprema ironia, o então deputado Jair Bolsonaro e seu filho 'Zero Três', Eduardo Bolsonaro.
Trata-se de uma emenda constitucional que obriga o governo a desembolsar os investimentos enfiados no Orçamento da União pelas bancadas estaduais. Foi como se os deputados dissessem a Bolsonaro: "Não quer entregar as verbas? Pois nós vamos tomar na marra!" A coisa passou com uma facilidade inimaginável. Dois turnos de votação. No primeiro, o Waterloo imposto a Bolsonaro passou por 448 votos a 3. No segundo, o placar foi de 453 votos a 6, com uma abstenção. (Veja íntegra na lista de votação)
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Maldade suprema: além de converter Bolsonaro num Napoleão das redes sociais, os deputados atravessaram um Waterloo na trajetória do presidente antes do término da tradicional lua-de-mel de três meses. Fizeram isso usando uma bomba que o próprio capitão ajudou a armar na época em que era um deputado franco-atirador do baixíssimo clero.
Por Josias de Souza
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