Vamos parar de conversa mole. Se ficar evidenciado que o sr. Marcelo Miller participou da chamada “colaboração”, tem-se um vício de origem que anula toda a colaboração. E o sr. Rodrigo Janot sabe disso. Tanto sabe que o admitiu numa entrevista. Assistam ao trecho mais eloquente:
E sabem o que é espantoso? Em Brasília, todo mundo já sabia de tudo. A atuação do sr. Marcelo Miller era considerada favas contadas. E, no entanto, o sr. Rodrigo Janot jamais determinou a abertura de uma investigação.
Não nos esqueçamos de que o ministro Gilmar Mendes levou a questão a seus pares no Supremo: Vejam:
Transcrevo trecho da fala do ministro:
“O outro [caso], até agora sem resposta, é do procurador [Marcelo] Miller. Até as pedras de Brasília sabem que Sua Excelência foi o responsável pelo caso do Delcídio, pelo caso do Sérgio Machado e por este caso Joesley Batista, em que ele atuou dos dois lados, segundo a lena urbana. Nenhuma investigação aberta. Vejam: na primeira vez em que a procuradoria se envolve de uma maneira densa no combate à corrupção, dois procuradores caem”.
Ora, essa advertência de Mendes foi feita no dia 1º de agosto!
Qual foi a reação de Janot e dos procuradores da Lava Jato? Apelavam às redes sociais e a seus bate-paus na imprensa para demonizar o ministro.
Vamos ser claros? Por que é que se sabe, hoje em dia, de toda essa lambança? Porque a defesa do presidente da República fez o que a PGR se negou a fazer. Porque a defesa do presidente da República fez o que o Edson Fachin se negou a mandar fazer de moto próprio. Porque a defesa do presidente da República fez o que a esmagadora maioria da imprensa considerou irrelevante: A PERÍCIA NO GRAVADOR.
Foi essa perícia — que Janot deu como desnecessária mais de uma vez —, que indicou a existência de arquivos apagados. Quando ficou claro que a PF havia conseguido recuperá-los, Joesley, com receio de se complicar, entregou outros. E acabou enviando, por engano, a gravação-bomba.
“Ah, mas Janot poderia ter simplesmente ignorado, né? Então ele foi decente…” Sapo pula por necessidade, não por boniteza. Quando aquilo entrou na PGR, o procurador-geral nada mais poderia fazer. Ainda que decidisse se omitir, a coisa chegaria a mãos competentes cedo ou tarde — e poderia ser as da própria Raquel Dodge. E o procurador-geral estaria destruído. Poderia ir para a cadeia.
Não, senhores! Janot não tinha escolha não ser tornar a questão pública. Agora, ele está envolvido numa espécie de operação para redução de danos.
Por: Reinaldo Azevedo
Por: Reinaldo Azevedo
Um comentário:
Esse texto é de autoria do jornalista Reinaldo Azevedo.
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