Secretário de economia e finanças do Exército, o general Antonio Hamilton Mourão mandou às favas a lei e os regulamentos de sua Arma ao admitir na última sexta-feira, em palestra promovida pela maçonaria em Brasília, que “uma intervenção militar” poderá acontecer se o Judiciário “não solucionar o problema político”.
Fardado e à vontade, Mourão disse que poderá chegar um momento em que os militares terão que "impor isso" [ação militar] e que essa "imposição não será fácil". Segundo ele, seus "companheiros" do Alto Comando do Exército avaliam que ainda não é o momento, mas que ela poderá ocorrer após "aproximações sucessivas".
Militar na ativa, como é o caso de Mourão, não pode falar de assuntos políticos em público. É o que diz a lei. Quem fala em nome das Forças Armadas é o ministro da Defesa. Cada Arma tem seu comandante que fala por ela. O Poder Militar é subordinado ao Poder Civil. O presidente da República é o comandante das Forças Armadas.
Mourão é reincidente. Em outubro de 2015, foi exonerado do Comando Militar do Sul, em Porto Alegre, pelo atual comandante do Exército, Eduardo Villas Bôas, e transferido para Brasília. Havia feito críticas ao governo da então presidente da República. Perdeu o comando sobre tropas e ganhou o comando de uma mesa.
Não aprendeu nada com a punição. Na palestra para seus irmãos maçons, Mourão definiu-se orgulhoso como "eterno integrante da [comunidade de] inteligência". Tal comunidade, que se estruturou depois do golpe militar de 1964, forneceu torturadores e assassinos que atuaram em defesa do regime durante seus 21 anos.
Para Mourão, a sociedade brasileira carece de coesão cívica. “Ela mal e porcamente se robustece para torcer pela Seleção ou então sai brigando entre si em qualquer jogo”, observou. Se o Judiciário for incapaz de retirar da vida pública “esses elementos envolvidos em ilícitos”, os militares se encarregarão da tarefa, ele disse.
Espera-se uma nova punição para Mourão. Se não vier, estará aberta a porteira à passagem outra vez da anarquia militar. Isso não será bom para o país, muito menos para os militares.
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