quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Joesley e Saud pedem para não ser levados a sério em gravação. E por que o seriam em delação?


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Joesley Batista e Ricardo Saud tornaram pública aquela é que, sem dúvida, a nota mais insólita da história das notas. No texto, eles asseguram ser falso tudo aquilo que dizem num bate-papo. Mais: aproveitam também para pedir desculpas. Leiam o que afirmaram. Volto em seguida:

“A todos que tomaram conhecimento da nossa conversa, por meio de áudio por nós entregue à PGR, em cumprimento ao nosso acordo de colaboração, esclarecemos que as referências feitas por nós ao Excelentíssimo Senhor Procurador-Geral da República e aos Excelentíssimos Senhores e Senhoras Ministros do Supremo Tribunal Federal não guardam nenhuma conexão com a verdade. Não temos conhecimento de nenhum ato ilícito cometido por nenhuma dessas autoridades. O que nós falamos não é verdade, pedimos as mais sinceras desculpas por este ato desrespeitoso e vergonhoso e reiteramos o nosso mais profundo respeito aos Ministros e Ministras do Supremo Tribunal Federal, ao Procurador-Geral da República e a todos os membros do Ministério Público.
Joesley Batista e Ricardo Saud”

Entenderam? Os autores da delação premiada mais ruidosa da história do país; aqueles que, com seus respectivos testemunhos, aos quais boa parte da imprensa conferiu seriedade, levaram a tensão política ao grau máximo; os homens que criaram severos obstáculos a reformas estruturantes; aqueles que diziam que o presidente da República dava anuência à compra de silêncio de pessoas presas e que armou com um ex-auxiliar uma operação para supostamente arrecadar R$ 500 mil por semana… Bem, meus caros, os dois tornam pública uma nota em que asseguram que nada do que se diz na tal gravação, que eles são sabiam estar sendo feita, é verdade.

Bem, cabe a pergunta óbvia: se isso que dizem, sem que tenham conhecimento da gravação, não deve ser levado a sério, por que se deveria acreditar, então, nas suas respectivas delações — e, nesse caso, eles sabem, sim, que estão sendo monitorados? Ora, se o que se fala espontaneamente, sem a ciência prévia do registro, é mentira, o que dizer de uma fala que, sabe-se, será usada em juízo e foi previamente organizada para incriminar o presidente e livrar a pele dos próprios criminosos?

É claro que Joesley e Saud estão com medo. Eles sabem que o sistema jurídico e que a própria política não permitirão que os benefícios da delação sejam mantidos. Esse acordo já é letra morta. E, como resta evidente, o conjunto da obra está comprometido com ilicitudes.

Há crimes a investigar? O Ministério Público tem a prerrogativa de instaurar processos de investigação. Uma coisa é certa: o que se produziu até agora contra quem quer que seja envolvendo a JBS e seus diretores é da mais flagrante, clamorosa e gritante ilegalidade. E vai cair.

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