domingo, 6 de março de 2016

O teatro armado por Lula


Certa vez Lula, ainda presidente, lá pelos idos de 2009, disse o seguinte em defesa do aliado José Sarney, ex-presidente da República e na época presidente do Senado enrolado com denúncias sobre atos secretos: “Sarney tem história no Brasil suficiente para que não seja tratado como se fosse uma pessoa comum.”

Agora Lula, na condição de ex-presidente, reclama para si o mesmo tratamento diferenciado, com apoio incondicional do Partido dos Trabalhadores, após ter sido intimado coercitivamente para depor na Lava Jato. A suspeita é que Lula tenha enriquecido com dinheiro sujo das empreiteiras do petrolão.

Logo após o depoimento de Lula, entrevistas coletivas foram convocadas pelo próprio Lula, pelos petistas, pelo Ministério Público e a Polícia Federal. Percebe-se aí uma disputa que extrapola os tribunais: é preciso dar explicações à opinião pública.

Os investigadores afirmam que suas ações, devidamente autorizadas pelo juiz Sérgio Moro, se baseiam em “fortes indícios” e “evidências convincentes” de que Lula foi beneficiário de um esquema criminoso. Moderados, fizeram a ressalva de que as investigações estão em curso e não podem ser confundidas com uma condenação prévia, sempre focando aspectos técnicos do processo.

Já a reação de Lula e do PT primou pelo apelo à emoção, nesse caso, apresentada como indignação. Lula, Rui Falcão, e o deputado José Guimarães, enfatizaram a imagem de Lula como vítima de uma armação combinada da Justiça, da oposição e da imprensa, para evitar uma futura candidatura do ex-presidente. Nada sobre as empreiteiras foi dito. Inflamados, falando em guerra, conclamaram a militância para sair às ruas em defesa da “história do Lula”, afinal, não se trata de um brasileiro comum.

O problema aí é que é justamente por isso que o argumento de abuso contra o pobre inocente não se sustenta. Por ser quem é, pela importância e proeminência que tem Lula, qualquer ilegalidade na condução do processo seria rapidamente revelada pelos advogados caríssimos do ex-presidente, desmoralizando a acusação. Como esse enfrentamento processual parece batalha perdida, a saída é politizar o caso, para tentar intimidar os responsáveis pela Lava Jato com a ameaça de convulsão social, de instabilidade nas cidades e por aí vai. O PT não aceita que Lula seja investigado e ponto final. Como Sarney, trata-se de alguém incomum. Um acinte!

É importante que a Lava Jato evite, como fez até agora, a politização do processo, restringindo-se aos seus aspectos técnicos. O Brasil é uma República democrática e o estado de direito está em plena vigência, onde TODOS podem ser investigados. Querer refutar acusações no grito, na base da intimidação e da provocação, além de revelar o espírito autoritário de quem assim procede, é sinal de desespero e de culpa no cartório.

Quem for podre que se quebre.

Um comentário:

AHT disse...

Na História da Humanidade, há povos:

civilizados — bárbaros

dominadores — escravizados
destemidos — medrosos
extrovertidos — introvertidos
receptivos — inóspitos
acessíveis — fechados
éticos— antiéticos
consequentes — inconsequentes
antiéticos e inconsequentes — compradores e vendedores de Votos