Brasilino Neto |
Acompanhando diariamente o momento politico-institucional creio estarmos naquele que posso chamar de “gravíssimo”.
Isto porque o ministro Gilmar Mendes no dia 18 passado concedeu, em uma das dez ações que tem sob seus cuidados, com pedido de impedimento de que Luiz Inácio assuma a chefia do Gabinete Civil, medida liminar tornando isto impossível.
Na teoria a possibilidade de revisão desta concessão de Gilmar Mendes cabe ao plenário do Supremo Tribunal que, no entanto, ante a proximidade da “Semana Santa”, somente volta a se reunir em 30 de março.
Nesta demanda a Advocacia Geral da União entrou no sábado com medida buscando pronunciamento do ministro Teori Zavascki para a derrubada da concessão. O ministro Teori não se manifestou sobre a primeira. O governo insiste hoje com novo pedido a ele mesmo direcionado.
Assim, ante este quadro entendo, no âmbito do estrito conhecimento sobre a organização interna do Supremo Tribunal Federal, que estas investidas podem gerar problema maior do que todos que foram gerados até este momento, pois se tratará de questão institucional. Gravíssima, diga-se.
Explicando: entendo a ânsia do governo em resolver a questão da assunção ao cargo de Luiz Inácio, quer seja para livrá-lo das imposições pessoais a que possa estar sujeito, ou para ajudá-lo a contornar as questões de reestruturação da base para que possa ter mais governabilidade, e impedir o prosseguimento do impeachment.
Creio, no entanto, que mesmo ante estas agruras o governo deveria não ter formulado os pedidos ao ministro Teori no sábado e neste domingo. Repito, pois disto pode decorrer gravíssimas consequências institucionais.
Explico. Digamos, por exemplo, que o ministro Teori acolha o pedido da Advocacia da União e conceda liminar autorizando a posse de Lula, como ficaria a concedida pelo ministro Gilmar Mendes? Qual deveria então ser cumprida se se tratam de juízes singulares? Teria o ministro Zavascki ‘mais autoridade’ do que o ministro Gilmar? Nestas circunstâncias da concessão por este firmada não seria somente o pleno do Tribunal o competente para a revisão? Se Gilmar Mendes não tem competência legal, por que então tem dez ações iguais a ele distribuídas? E se o Teori revê a decisão concedia pelo ministro Gilmar e ele conceder a cada dia outras liminares desfavoráveis ao governo?
Nós leigos na matéria conseguiríamos entender que um ministro singular possa cassar a ordem concedida por outro? Isto não geraria insegurança e conturbação social-institucional absoluta?
Os membros do Supremo Tribunal, diga-se Gilmar Mendes e Teori Zavascki teriam serenidade, tão necessárias aos juízes, para conviverem nos limites de suas atuações?
Assim senhores membros do poder executivo nacional e ministros de nossa Corte maior, cabe reafirmar aquilo que reiteradamente digo, de que toda cautela neste momento ainda é sempre pouca.
Preservemos nossas instituições, especialmente a Corte constitucional, pois se ela se perder em firulas internas o País e a Nação se perderão com elas.
(Enviado domingo(20) por Brasilino Neto)
2 comentários:
Dr. Brasilino,
Parabéns pelo texto e argumentação.
Ao ler a última frase, "Preservemos nossas instituições, especialmente a Corte constitucional, pois se ela se perder em firulas internas o País e a Nação se perderão com elas.", o meu lado criativo de taiadense pescou a palavra FIRULA e o contexto da atual e grave Crise, que requer toda atenção e ações em defesa das nossas Instituições - e, escrevi esse acróstico:
FIRULAS DE UM GOVERNO MORIBUNDO
Firme com uma estaca no brejo, e se diz governo...
Instituições abaladas, mortadelas e coxinhas torcendo,
Rumores e ameaças perturbando a Nação.
Um Lula investigado, um ex-presidente ainda no comando,
Levado para a Casa Civil: uma criminosa
Artimanha para livra-lo de eminente prisão.
Sociedade civil não aceita e manifesta indignação.
Defensores da corrupção desbragada
Emitindo declarações mentirosas e apelando para o STF.
Uma Dilma, presidente-biônica produzida pelo Lula,
Mentindo desesperadamente para plateias encomendadas.
Gritaria, cartazes de deputados prós e contras, bate-bocas:
O Impeachment de Dilma em debate. Heráclito, na Tribuna:
Vossas Excelências precisam tomar suco de maracujá!
E dessa vez, Cunha – o réu, levou a cambada a aprovar.
Renan, também réu da Lava Jato, só aguardando e
Negociando, sonhando que se livrará do xilindró.
Os ossos de Rui Barbosa se remexendo no túmulo, de dó...
Moro, Juiz herói para a maioria e vilão dos pró-corrupção.
O Ministro Gilmar Mendes, do STF, idem, idem.
Razão deixada de lado, torcidas tomadas pela emoção e
Irracionalidade, do jeitinho que os autocráticos querem.
Brasil só encontrará o Rumo para Reconstruir o Estado,
Ultrapassando obstáculos e eliminando vícios institucionais
Nefastos, investindo e buscando Excelência na Educação,
Desenvolvendo a participação efetiva da Sociedade na
Observância e obediência ao Estado Democrático de Direito.
AHT
21/03/20116
AHT obrigado pelas referências e parabéns pelo acróstico apresentado, por bem retratar o carrancudo momento em que vivemos, com graça, elegância e sobriedade. abraços.
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