Seja lá o que for que tenha acontecido, é grave. Vamos ver. O deputado Eduardo Cunha, líder do PMDB na Câmara e candidato do partido à presidência da Casa, tornou público um áudio em que dois supostos aliados seus conversam sobre eventuais falcatruas que o parlamentar teria praticado. Cunha diz se tratar de uma armação, produzida nos porões — porém na cúpula — da Polícia Federal, com o intuito de prejudicá-lo — é, segundo diz, mais uma “alopragem”.
Só para lembrar: “aloprados” é o termo pelo qual ficaram conhecidos os petistas que, em 2006, tentaram armar um falso escândalo contra José Serra (PSDB) para tentar inviabilizar sua candidatura ao governo de São Paulo. Se a safadeza tivesse dado certo, o beneficiário teria sido Aloizio Mercadante, hoje ministro da Casa Civil. O homem que carregava uma mala com R$ 1,7 milhão para pagar os bandidos era braço-direito do petista. Sabem no que deu o caso? Em nada!
Na conversa tornada pública pelo próprio Cunha, um suposto agente da Polícia Federal ameaça “contar tudo o que sabe” caso seja abandonado. Diz estar sendo pressionado pelo delegado que é seu chefe e que o Ministério Público está à sua procura. Segundo Cunha, a ideia da montagem é sugerir que esse homem seja Jayme Alves de Oliveira Filho, o Careca, um dos investigados na Operação Lava-Jato. Careca afirmou em depoimento que teria entregado dinheiro a um aliado do líder peemedebista numa determinada casa no Rio. O doleiro Alberto Youssef, que fez acordo de delação premiada, afirmou não ter nenhum negócio com o deputado.
Cunha diz ter recebido o áudio de um policial federal e que já repassou os nomes dos possíveis responsáveis pela montagem ao ministro José Eduardo Cardozo, da Justiça. Ouçam o áudio.
Retomo
Vamos ver: lido com texto. Que isso seja uma armação, acho evidente. E os dois atores são péssimos. Um deles nem sabe ler direito. Em vez de afirmar “encher as burras de dinheiro”, diz “encher o burro do dinheiro”. É o tipo de troca que só a Magda do “Sai de Baixo” faria.
Vamos ver: lido com texto. Que isso seja uma armação, acho evidente. E os dois atores são péssimos. Um deles nem sabe ler direito. Em vez de afirmar “encher as burras de dinheiro”, diz “encher o burro do dinheiro”. É o tipo de troca que só a Magda do “Sai de Baixo” faria.
Os inimigos de Cunha até podem sugerir que ele usou a tática Odorico: resolveu forjar uma acusação contra si mesmo para atribuí-la a seus adversários e se fazer de vítima. Que se investigue. Que se trata de um troço até meio tosco, parece-me evidente. A sequência das frases e o ritmo da fala lembram teatro infantil amador — e ruim.
De resto, há uma pergunta óbvia: a voz do que faz a ameaça é ou não do tal “Careca”. É fácil saber. Se é, chega-se fácil à origem da “alopragem”. Se não é, aí a investigação pode demorar um pouco mais.
Caso seja uma armação contra Cunha, quem estaria por trás? Ora, os que não o querem presidente da Câmara. Qualquer que seja a origem, trata-se de algo grave. Tanto mais se, de fato, os porões da PF tiverem atuado.
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