O ATO E O FATO

Lições a serem aprendidas.

Brasilino Neto

O assunto nos últimos dez dias no Brasil, com repercussão no mundo, foi a visita do Papa Francisco ao Brasil.

Realmente algumas lições devem ser aprendidas e sejam motivo de análises da população, mas sobretudo, aos políticos brasileiros.

A principal delas é que quando a pessoa está em paz consigo mesma, que sabe bem o que está fazendo, que age dentro dos princípios da ética, do respeito, da humildade e da decência, não precisa temer a proximidade com o povo, pois este o receberá sempre de braços abertos.

O comportamento do Papa Francisco em suas andanças por lugares dos mais diversos pelo Rio de Janeiro é prova inconteste disto, pois se está com o povo, lhe dá respeito, a que deverá temer?

Disse o Diário de Esquerda, da Espanha em recente comentário sobre a visita do Papa Francisco “O mundo político se encontra perdido e em uma profunda crise, não só econômica, mas também e, sobretudo de valores, carente de um líder, e em plena revolta civilizatória, sem saber por onde sair. Ao mundo atual falta um grande líder, capaz de devolver esperança e abrir novos horizontes a uma sociedade desencantada e em ruínas”.

O Brasil, infelizmente não foge a essa regra, pois os políticos do Brasil tripudiam sobre os interesses do povo, aviltam-lhe os princípios de seriedade, correção e respeito que lhe são inatos, e por estas razões que vivemos este momento conturbado de protestos e confrontos.

Diz Rosseau em seu livro “O Contrato Social, no subtítulo “Povo”: “Assim como um arquiteto, antes de construir um grande edifício, observa e sonda o solo para ver se esse pode sustentar o peso, o sábio legislador não começa a redigir boas leis em si mesmas, mas examina antes se o povo, ao qual são destinadas está preparado para suportá-la”.

No Brasil esta avaliação não se dá, seus políticos vivem encastelados em palácios, envolvidas em mordomias infindas, em ilhas de fantasia, da qual Brasília é a principal, dissociados de seu povo, sem perceberem, como afirma o rabino judeu-argentino Skorka em seu livro “Entre o céu e a terra”, quando se refere à frase do Papa Francisco de que “A política deveria ser concebida, e a força responsável pelo bem-estar dos povos e em sua luta contra as injustiças”.

A força e o desprendimento que o Papa Francisco demonstrou no Brasil deveria servir de exemplo aos políticos brasileiros, pois se assim agissem não precisariam ter medo de seu povo e escoltados por exércitos e guarda-costas.

Certa vez Stalin perguntou quantos exércitos tinha um papa para ele se sentir tão seguro, poderoso e ditar regras ao mundo todo, tendo como respostas que “Seu exército se compunha de milhões de fiéis com corações afáveis, centenas de milhares de instituições assistenciais, hospitais, dispensários, residências de anciãos, universidades e colégios bem orientados, centros sociais e de cuidados às pessoas doentes em todo mundo”, isto é, um exército de bondade, e quem assim age nada precisa temer, o que deveria servir de exemplo à classe política brasileira, mas que nós, com tristeza, vemos que precisaremos ainda passar por gerações e gerações para que isto aqui se dê.

Cabe uma conclusão: Ou acorda a classe política brasileira ou acorda seu povo, pois nos moldes que hoje se dá esta relação povo-governantes, realmente impossível de se continuar, e as conseqüências de situação tal, a ninguém deve interessar.