O tempo costuma ser o maior aliado da verdade, o que dá esperança aos defensores da decência
Mas nem mesmo isso é tão verdadeiro assim.
O “gênio” da política, ao que parece, não passa de um analista cego que ignora as mudanças no país e a crescente demanda por mais ética por parte da classe média.
Por Rodrigo Constantino
Adeus, mito Lula. |
Fidel Castro, repetindo o também tirano Adolf Hitler, disse certa vez que a História iria absolvê-lo. Winston Churchill, por sua vez, teria dito que a História seria boa com ele, afinal, ele mesmo pretendia escrevê-la.
Os vencedores dominam a prensa, principalmente em países sem ampla cultura de liberdade, como Cuba.
Mas, na Inglaterra, há liberdade, e se a História foi mesmo favorável a Churchill, isso se deve aos seus acertos maiores que erros, e não ao seu poder de influência sobre a imprensa e o pensamento.
Já Fidel certamente não será absolvido pela História, a despeito da ditadura e da máquina de propaganda que montou em sua ilha particular.
Em outras palavras, o tempo costuma ser o maior aliado da verdade, o que dá esperança aos defensores da decência.
Nem sempre ela vem à luz.
Mas quando há alguma liberdade de pensamento e de imprensa, cedo ou tarde os fatos emergem do pântano da ignorância, espalhando seu odor antes disfarçado.
É possível enganar algumas pessoas por muito tempo, mas é difícil enganar todos, o tempo todo.
Disse isso tudo para chegar ao Nosso Guia.
O ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva parecia acreditar na possibilidade de ser absolvido pela História.
Na verdade, vaidoso que só ele, Lula certamente tinha a esperança de ser reverenciado pela História.
O tempo mostraria que o Mensalão não passara de uma armação de golpistas da elite para manchar a honra deste grande estadista do povo.
Não tão rápido...
Aos poucos o Brasil vai mudando, e o mito Lula vai sendo desconstruído.
O julgamento da História, quando passar o burburinho do momento, será duro com o líder do PT.
Afinal de contas, ao contrário da propaganda dos “intelectuais” durante décadas, a verdade é que não há nada de louvável em sua trajetória.
Desde os tempos de sindicalista até a posição de ex-presidente, Lula tem sido uma pessoa que merece raríssimos elogios, e infindáveis críticas.
Rótulos como “egocêntrico”, “megalomaníaco”, “mitomaníaco”, “imoral” e “inescrupuloso” combinam infinitamente mais com sua pessoa do que os adjetivos criados pelos “intelectuais” bajuladores do “homem do povo”.
Lula sempre fez tudo em causa própria, sempre demonstrou uma sede incrível pelo poder, e se mostrou disposto a quase tudo em nome deste objetivo.
Com o tempo, isso tudo ficará mais claro para as pessoas.
O “legado” sócio-econômico, um dos poucos pilares que seus acólitos usam para sustentar a imagem do mito, também será desfeito com o passar do tempo.
Ficará evidente para muitos que tudo não passou de uma enorme onda de fora, mais especificamente da China, que inflou as economias dos países emergentes ricos em recursos naturais como o Brasil.
Tudo isso com o auxílio das turbinas monetárias dos bancos centrais de países desenvolvidos.
Até mesmo uma das poucas áreas que muitos ainda concedem o epíteto de “gênio” ao Lula será revisada em breve.
Lula não é um “gênio” da política.
Sim, ele tem algum carisma, em parte porque o povão se identifica com seu jeito.
Sim, ele tem alguma habilidade na comunicação com as massas, abusando de retórica sensacionalista e demagógica.
Por esta ótica, ele seria quase tão “gênio” quanto Hitler ou Mussolini, nada que uma pessoa minimamente íntegra poderia se orgulhar.
Mas nem mesmo isso é tão verdadeiro assim.
As pessoas se esquecem de que Lula perdeu três eleições seguidas para presidente!
Que grande comunicador invencível é esse?
Depois ele conseguiu eleger seu “poste”, mas, novamente, isso se deve bem mais ao crescimento chinês e às peripécias de Bernanke do que ao seu talento para transferir votos.
Lula contou mais com a sorte do cenário externo do que qualquer coisa.
Isso começa a ficar claro agora nas eleições municipais, durante o julgamento do Mensalão, em que Lula não chega a ser um grande puxador de votos para prefeitos.
Alguns já ensaiam até um afastamento gradual da figura do todo-poderoso, enquanto o próprio aproveita para se aproximar de Paulo Maluf.
O “gênio” da política, ao que parece, não passa de um analista cego que ignora as mudanças no país e a crescente demanda por mais ética por parte da classe média.
Não há muito espaço para o fisiologismo escancarado de Lula nessa configuração.
Posso estar sendo otimista demais, esperançoso ao extremo.
Reconheço.
Pode ter muito de desejo em minha análise.
Mas acredito, realmente, que o Brasil irá amadurecer com o tempo a ponto de compreender que Lula foi uma enorme mancha negra na política nacional.
Maluf, Collor, Sarney e tantos outros ainda estão por aí, é verdade, todos inclusive aliados do próprio Lula.
Há muita ignorância no país; os safados se fartam. Mas, ao menos, nenhum deles goza de uma aura de santo, de estadista, de líder popular disposto a sacrifícios pelo povo.
A imensa maioria os enxerga como são: oportunistas inescrupulosos que só querem o poder. Lula, finalmente, fará parte dessa lista.
De preferência no topo dela, pois essa liderança ele merece.
O Brasil ainda vai conviver com os estragos institucionais e morais causados pela gestão Lula por muito tempo.
Mas tudo indica que o mito será destruído de vez.
Os canalhas que ajudaram a criá-lo farão o que sabem fazer: dissimular e fingir que nunca tiveram nada com aquilo, que estão muito decepcionados.
Alguns ainda insistem em inflar o mito, talvez calculando que o estrago não será fatal e que a lealdade, moeda importante na máfia, será muito bem compensada se o homem regressar com tudo ao poder. Quem viver, verá.
De minha parte, resta a consciência limpa de jamais ter acreditado, por um único segundo, nesse sujeito indecente, por ter combatido tudo o que ele representa desde o primeiro momento, por ter alertado em dezenas de artigos e vídeos para os riscos que ele representava.
Lutei a boa luta dentro de minhas limitações, e isso me dá orgulho.
É hora de aproveitar o regozijo merecido e observar o crepúsculo do mito Lula, ainda que a Justiça, para ser efetivada, tivesse que condená-lo como “o chefe” do maior escândalo de corrupção da história de nosso país.
Mas aí já seria sonhar alto demais.
Sou mais realista, e me contento com menos.
Basta vê-lo desmoralizado.
E saber que, para alguém vaidoso como ele, deve ser desesperador imaginar que o futuro reserva palavras nada bonitas sobre sua história, apesar da máquina de mentira a seu dispor.
Adeus, mito Lula. Já vai tarde!
Por Rodrigo Constantino
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