Menos marketing e mais política. Menos números de obras feitas, mais contato
direto, consistente e persistente, ao longo do tempo, com o eleitor. Esses são
alguns ensinamentos que já podem ser colhidos das eleições 2012. E, nisso, a
campanha em São Paulo, onde a elite dos marqueteiros esbarrou em Celso
Russomano, um candidato com menos de dois minutos por dia no rádio e na TV, é
didática.
Abençoado como defensor do consumidor, o afilhado da Igreja Universal
apareceu assiduamente na TV Record no último ano como quem resolve injustiças
terrenas, daquelas que não adiantam apelar para o bispo. Construiu, dia após
dia, a imagem do protetor dos fracos e desprotegidos. Com isso, primeiro comeu
pelas beiradas e agora parece ter abocanhado de vez o doce do PT, roubando votos
da periferia que Lula julgava ter no bolso.
O petista Fernando Haddad e o tucano José Serra tropeçaram em erros quase
idênticos: fizeram o velho jogo dos marqueteiros de apostar todas as cartas no
horário eleitoral dito gratuito. Não conseguiram perceber que a exposição na
telinha durante a propaganda eleitoral não tem mais o dom de substituir a
presença e a intimidade que o eleitor passou a exigir para lhe confiar o cada
vez mais desconfiado voto.
A ambos, a cobrança é política.
Serra, que chegou ao governo do Estado no primeiro turno com mais votos na
Capital do que quando se elegeu prefeito, se viu enrascado porque não tratou do
assunto ao longo dos anos, antes de virar candidato. Agora, come o pão que o
diabo amassou.
Mais uma criação de Lula, Haddad, coroado por Dilma Rousseff, a bem sucedida
invenção de Lula, resiste em emplacar. Nada mudou nem com o apoio da ex-prefeita
Marta Suplicy, que só para gravar palavrinhas de apoio e sair numa carreata ali
outra acolá ganhou o Ministério da Cultura, em um dos mais descarados usos da
coisa pública em benefício de um partido político.
João Santana, aclamado como mago ao reeleger Lula pós mensalão e a neófita
eleitoral Dilma, tem preferido poucas luzes. Patina nas duas principais
campanhas do PT, em São Paulo e em Belo Horizonte.
Sucessor e ex-sócio de Duda Mendonça – afastado dos holofotes, mas não dos
contratos milionários com o governo federal -, Santana, no dia 7 de outubro,
estará recolhendo fichas em duas bancas. Aqui e na Venezuela.
Lá, conduz a campanha da re-re-reeleição de Hugo Chávez com o mote paz e
amor, o mesmo que Duda, acusado de lavagem de dinheiro e evasão de divisas no
processo do mensalão, usou para eleger Lula em 2002.
Uma cópia quase inocente se comparada à que Lula e sua turma fazem de Chávez.
Assim como o “revolucionário bolivariano”, pregam que qualquer condenação ao PT
é golpe. Mais grave: que a Suprema Corte age sob pressão das forças
conservadoras.
Chavismo puro. Ou pior.
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