segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Carlos Brickmann: São Paulo vale mil rezas


Em São Paulo, em pleno séc. XXI, a disputa pela prefeitura está mais no âmbito da religião que da política (Foto: EXAME)

Há mais de 400 anos, o líder protestante francês Henrique de Navarra estava num impasse: havia derrotado seus inimigos internos, mas o papa o excomungara por não ser católico, e países católicos vizinhos, como a poderosa Espanha, tinham força militar suficiente para impedi-lo de chegar ao poder.

Henrique de Navarra decidiu converter-se ao catolicismo, com uma frase célebre: “Paris bem vale uma missa”. E conseguiu ocupar o trono francês sem maiores problemas.

História velha? Nem tanto: em São Paulo, a disputa pela maior Prefeitura do país se transforma num embate mais religioso que político. O chefe da campanha de Celso Russomanno, líder nas pesquisas, é Marcos Pereira, pastor da Igreja Universal do Reino de Deus – a mesma que, há anos, virou manchete quando seu bispo Sérgio van Helde chutou a imagem de Nossa Senhora Aparecida.

Pois descobriu-se um texto delirante em que Marcos Pereira ataca a Igreja Católica pelo kit gay – um material que não chegou a ser distribuído, mas produzido pelo Ministério da Educação do ministro Fernando Haddad (hoje candidato do PT à Prefeitura), para combater a discriminação aos homossexuais, mas que, segundo seus adversários, incentivava o homossexualismo.

Onde está o texto?

Na página da Internet do bispo Edir Macedo, líder da Universal e suporte básico de Russomanno. A Igreja Católica se manifestou contra Pereira.

A ministra da Cultura, Marta Suplicy, do PT, católica não praticante, acaba de dizer que Lula é Deus.

Alguém poderia contar aos candidatos que estamos no século XXI?

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