Ricardo Lewandowski abusa de outro expediente: ser analista do próprio voto. Não só redigiu um voto extensíssimo como se regozija em fazer exercícios metalinguísticos, explicando-o, dando suas motivações. E, volta e meia, afirma fazer isso porque, afinal, trata-se da vida das pessoas, e ele, muito pudoroso, precisa tomar cuidado e coisa e tal.
Muito bem! Mesmo assim, não viu nenhum problema, hoje, em expor a vida privada de uma moça, que não é ré, e que teria sido amante de um político já morto do PTB. Ela não estava sendo julgada ali. O morto, por óbvio, também não. E por que a citação? Porque parte da dinheirama irregular teria sido usada para comprar um apartamento para ela.
Com o exemplo, ele próprio deixou clara a intenção: descaracterizar a suposição de que a dinheirama ilegal tinha apenas o fito de comprar votos de parlamentares — coisa na qual ele não acredita.
Lewandowski expôs a vida privada de uma secretária para, no fim das contas, negar o mensalão. Cuidado, como se vê, ele toma só com os réus. Quem não é réu pode ser tratado como a Geni.
Por Reinaldo Azevedo
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