Eliane Cantanhêde
A presidente Dilma Rousseff conseguiu unir o útil ao agradável ao optar pelos bancos como inimigos número um da nação nestes tempos cabeludos de CPIs e mensalões.
Útil porque ninguém suporta mais os juros escandalosos do Brasil, recordistas internacionais. Eles resistiram a tudo e a todos, inclusive à guerra quixotesca do vice presidente do governo Lula, José Alencar.
Nos bastidores, a então chefe da Casa Civil concordava plenamente com o vice. Na ribalta do governo e depois da campanha, ficou convenientemente calada. Agora é presidente, tem voz, caneta, popularidade e assume de peito aberto o comando dessa guerra.
E agradável porque, enquanto a mídia e a opinião pública se horrorizam com Cachoeiras, Demóstenes, Deltas e outros bichos, ela sai pela tangente e toca uma agenda própria, propositiva e valente. Quer dizer, uma agenda própria dela e do seu marqueteiro, João Santana.
A base aliada aplaude, a oposição não pode abrir a boca contra, e a mídia repercute positivamente, como mostra a manchete da Folha no Primeiro de Maio: "No Dia do Trabalho, Dilma ataca os bancos". É ou não é o máximo?
Os bancos detestam, mas eles choram de barriga cheia e têm culpa no cartório: foram eles que, pela ganância, pagaram mal seus funcionários, extorquiram de seus clientes e se transformaram no setor que, simultaneamente, tem mais lucro e é mais odiado. Agora, aguentem o tranco.
O importante é que os consumidores/eleitores adoram, deliciados com a "coragem da Dilma" e prontos a garantir à presidente novos recordes de popularidade. Os 80% de Lula pareciam intransponíveis. Já não parecem mais.
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