sábado, 2 de junho de 2018

Os momentos de histeria de setores da imprensa só obscurecem o debate sobre uma gigante monopolista que finge ser pró-mercado



Não se trata de dizer que é “muito barulho por nada” porque, como se sabe, estamos lidando com valores estratosféricos. Mas que há uma reação histérica de setores da imprensa com a demissão — VOLUNTÁRIA — de Pedro Parente, ah, meus caros, disso não tenho a menor dúvida. Fica parecendo que, agora, a empresa voltará aos dias da “Era Dilma”, aquela senhora que a levou para o buraco. E, claro!, mais uma vez, quem apanha e o presidente Michel Temer.

Enquanto Parente era o Napoleão dos combustíveis, os méritos eram todos seus. Quando ele decide pegar o boné e ir embora, então a pancadaria se volta contra Temer. E, por óbvio, deixa-se de debater a questão essencial. E a questão essencial é esta: enquanto a Petrobras for uma empresa de economia mista, que tem o Estado como o principal acionista, estará sujeita a injunções às mais variadas.

Até porque se ignora uma questão básica, não é mesmo? A Petrobras ainda mantém o monopólio de refino de petróleo no país. Enquanto for assim, a empresa como corporação — pouco importando se há no comando um liberal ou um esquerdista — alimentará a tentação de governar o Brasil porque a ela caberá definir, sozinha, SEM A AJUDA DO MERCADO, o preço dos combustíveis.

Submeter o dito-cujo a variações da cotação do barril do petróleo e a oscilações do câmbio não faz de uma monopolista um exemplo de respeito às regras do mercado. Isso apenas nos diz que ela, Petrobras, está cuidando do seu caixa, ainda que os políticos estejam sendo obrigados a recorrer às Forças Armadas.

E, como ficará claro em outros posts, ainda que pelo avesso, nem Pedro Parente se livrou desse mal. Dilma e Sérgio Gabrielle achavam que podiam importar combustível a um preço superior àquela praticado no país e jogar a conta no colo da empresa — afinal, o Estado é o maior acionista mesmo… E a gigante foi à lona. Parente, no outro extremo, pensava gerir a Petrobras como se esta não tivesse um Brasil à volta. E tem. Quando ele assumiu, sabia disso. E, quando decidiu pedir demissão de um modo muito pouco recomendável, também.

Convém que os histéricos coloquem a bola no chão e, pra começo de conversa, leiam com atenção a carta de Parente.

Por Reinaldo Azevedo

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