Atribuir os solavancos do mercado à gestão de Michel Temer é, com a devida vênia, uma manifestação de preguiça ou de má-fé intelectual. O governo já está precificado. Os movimentos especulativos estão voltados para o futuro que começa em janeiro do ano que vem. Para todos os efeitos, os próximos quase seis meses já são passado.
Ilan Goldfajn, presidente do Banco Central, fez muito bem em deixar claro que o governo usará dos recursos de que dispõe para conter a disparada do dólar. A intervenção pode ser eficaz no curto prazo, mas não elimina as incertezas.
E, claro, não tenho como ignorar uma ironia — ou um cinismo — da história. Bancos, corretoras, entidades outas ligadas ao mercado em seus mais variados ramos costumam chamar juízes e procuradores comprometidos com a destruição da política para dar palestras. Os astros são aplaudidos de pé, ganham título de homens do ano e comendas.
Tão logo chegam a suas respectivas casas, sustentadas pelo Bolsa Mamata, aqueles mesmos que os aplaudiram olham o quadro eleitoral e dizem: “Xiii, danou-se!”. Pois é! Tudo o mais constante — e sempre resta a esperança de que o horário eleitoral possa mudar o rumo da prosa —, teremos um segundo turno entre Jair Bolsonaro e Ciro Gomes.
Isso sintetiza a grande herança do lado doidivanas da Lava Jato. Mas consta que a maioria ainda quer mais. Ok. Dólar não tem teto. Já a intervenção do Banco Central tem.
Por Reinaldo Azevedo
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