Assim que for concluído o espetáculo congressual do impeachment o governo Dilma Rousseff sairá de cartaz. Isso ocorrerá em qualquer circunstância. Aprovado o impedimento, Dilma iniciará prematuramente sua viagem de volta para o esquecimento. Arquivado o pedido na Câmara, ainda assim haverá um “governo novo” em Brasília, informam auxiliares da presidente. Nele, reservou-se para Dilma um papel de coadjuvante.
Nas palavras de um ministro, Lula está prestes a se tornar o primeiro líder político a fazer o sucessor três vezes consecutivas: elegeu Dilma em 2010, reelegeu-a em 2014 e guerreia para salvá-la agora, em 2016. Em privado, Lula diz aos aliados que só topou liderar a operação de resgate mediante condições. Imagina estar claro que, se tiver êxito, dará as cartas. Tendo feito Dilma, quer impedir que ela o desfaça.
O plano de trabalho de Lula para o dia seguinte contém três prioridades: desintoxicar o ambiente, restaurar a base congressual do governo e alterar os rumos da política econômica. Paradoxalmente, o planejamento é diferente para o caso de a Câmara dar sequência ao pedido de impeachment, enviando-o ao Senado. Nessa hipótese, o PT e seus devotos planejam “incendiar” o país enrolados na bandeira do “golpe”.
Em realidade, se tudo correr como planejado por Lula, o governo a ser reinaugurado em Brasília não será novo, mas seminovo. E Dilma não será a única sub-Lula. O próprio Lula é bem menor do já foi. Nas ruas, é representado pelo Pixuleco. Na Lava Jato, é um investigado. Está separado da caneta do juiz Sérgio Moro por uma liminar do ministro Teori Zavascki, do STF.
Essa caricatura de Lula trocou o título de ex-presidente pela condição de ex-quase-futuro-ministro. Dessacralizado, o personagem já não tira leite de pedra. Divide-se entre os depoimentos à força-tarefa da Lava Jato e os despachos nos fundões de um quarto de hotel. E reza para que uma nova delação não lhe caia sobre a calva.
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