O Vale
A cada cinco minutos, dois trabalhadores foram demitidos na região nos dois primeiros meses do ano. Em um período de 60 dias, as empresas da RMVale colocaram na rua 35.567 trabalhadores.
Os dados foram compilados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) e levam em conta todos os segmentos da economia. "A crise econômica e principalmente a política diminui a confiança dos consumidores, que reduziram seus gastos. Com isso, as empresas perderam produção", disse o economista Fernando Lacerda.
Em janeiro e fevereiro, a região demitiu 35.567 trabalhadores e contratou 31.464, ficando com um saldo negativo de menos 4.103 vagas. A média de cortes chegou a 592 por dia em dois meses. As admissões foram de 524,4 por dia, no mesmo período.
Para Almir Fernandes, diretor do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de São José, os dados preocupam quando comparados com o mesmo período do ano passado, quando a região perdeu 3.538 empregos. O saldo deste ano foi 14% maior.
"Teremos um ano difícil e muito em função da crise política, que afasta o investimento", disse o diretor. "Com mudanças no governo, acho que a situação pode começar a melhorar no segundo semestre".
Procura. Para se ter ideia da crise na região, a oferta de 1.600 vagas para obras de manutenção na Revap (Refinaria Henrique Lage), da Petrobras, na região leste de São José, terá concorrência de cinco candidatos por emprego. Detalhe: o período de trabalho não deve ser superior a 40 dias.
Segundo o Sindicato da Construção Civil, foram entregues cerca de 8.000 currículos para as 1.600 vagas. A seleção será feita pelas empresas contratadas para a manutenção, que ocorrerá em maio.
O número de desempregados atrás de oportunidade de trabalhar na Revap é maior do que a população de 12 cidades da região."Ficamos surpresos com a quantidade de gente que procurou o sindicato para entregar currículo. Só no primeiro dia foram cerca de 4.000", disse João Paulo Pereira, diretor de Formação e Comunicação do Sindicato da Construção Civil.
Há um ano desempregado, Luis Fernando Costa, 26 anos, foi um dos que enfrentaram quatro horas de fila para deixar o currículo no sindicato. Ele trabalhou na Revap em 2014 e tenta voltar para "qualificar ainda mais" o currículo. "Estou na expectativa de alguém me ligar", disse.
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