terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Bolsonaro não deu cargo a Mourão, mas é ele o verdadeiro chanceler brasileiro, já que há um deserto mental no Itamaraty



O presidente Jair Bolsonaro decidiu, de maneira delirada, não dar cargo nenhum a Hamilton Mourão (foto). Ainda bem! Assim ele pode se assumir uma função relevante: a de chanceler, a de titular, ainda que não oficial, do Itamaraty, já que a cadeira de ministro das Relações Exteriores está ocupada por um deserto mental chamado Ernesto Araújo. A atuação deste senhor no caso da crise da Venezuela foi, para dizer pouco, desprezível.

A verdade é que a operação do sábado, nestes tempos de redes sociais em que se prometem revoluções na velocidade da comunicação digital, foi um fiasco. Os milhões não compareceram à fronteira. Cometeu-se o erro de promover um cerco ao país, o que empurrou os militares venezuelanos para uma posição defensiva.

A reunião dos países que compõem o grupo de Lima, ocorrida em Bogotá, nesta segunda, restabelece a racionalidade. O ditador Nicolás Maduro tem de ser pressionado pela via diplomática. Inexiste alternativa militar. Nas palavras de Mourão: “Para nós, a opção militar nunca foi uma opção. O Brasil sempre apoiou soluções pacíficas para qualquer problema que ocorra nos países vizinhos”.

O general Mourão deixou claro que, sob nenhuma hipótese, o governo permitiria que o território brasileiro fosse usado como base para uma ação militar — liderada pelos EUA — contra a Venezuela. E não custa lembrar: seja para declarar guerra a um país, seja para permitir a passagem de tropas em solo nacional, é preciso haver a aprovação do Congresso.

Por Reinaldo Azevedo

Um comentário:

AHT disse...

A REPÚBLICA INVEJADA PELOS FICCIONISTAS

Para alguns, um revolucionário de causas ambidestras. Enquanto militar, ele foi denunciado, julgado e sentenciado, "Reformado sem remuneração está! Siga a sua vida. Esperamos que um dia possa contribuir para a nossa república".

Então, o rude e de lábia esperta focou eleitores, agitou e conseguiu se eleger vereador. Em seguida, deputado federal. Foi aprendendo as manhas antigas e criando novas, se reelegendo o quanto quis. À medida que se reelegia, sonhos e planos. Almejava um dia ser "O Mito", porque "O Cara" não poderia ser - pois, uma coruja lhe confidenciara que "O Cara" seria o elogio de um futuro presidente dos EUA para o ex-sindicalista Barba.

Em seus planos, ele foi meticuloso ao planejar a carreira política para três filhos. Sucesso! Seus filhos captaram logo as lições e se elegeram sem dificuldades para cargos legislativos.

Conectando-se pontos entre anos 80 e o presente... Lá pelo ano de 2.013, generais, almirantes e brigadeiros se reuniram em uma tarde de domingo em um aprazível clube militar à beira-mar. Todos preocupados com as crises institucionais, econômicas e sociais, expondo o país ao risco de sofrer uma comoção civil. Comentavam informações e vez ou outra davam uma pausa para saborear o uísque, voltando ao foco: o estrago feito por Barba e Wanda ao petetizarem o país.

Goles de uísque, canapés, assunto sério, e até que um canarinho do reino chegou e deu uma bicada no copo de uísque do militar mais antigo. Todos riram quando o canarinho gorjeou no ouvido desse general. Ele levantou-se e, sério, disse aos demais, “O que tem que ser, será, dizia o meu avô marechal... O pássaro nos trouxe a solução, a nós compete o plano, a estratégia e as articulações políticas para escolhermos alguém...”.

Todos compenetrados, quando um deles pediu a palavra, e sugeriu, “Lembram daquele oficial, atleta, o Cavalão? Então, ele é deputado há anos, tem carisma junto a significativa parcela da população, tem uns defeitozinhos, mas dificilmente encontraremos outro...”. E, batata! O Mito, pré-candidato a presidente!

Foi um parto arranjar um partido que se dispusesse a aceitar o Mito como candidato. O PLS do B topou a parada, mesmo achando que ele não seria eleito, mas seria uma excelente oportunidade para o partido crescer e emplacar seus candidatos a outros cargos. O Mito, ou quem o orientava, tentou uma advogada guerreira para vice. Ela, mui sagaz, não topou a parada. O General Tonhão, garboso e bom de prosa, rapidinho topou.

Aí, veio um doido, provavelmente induzido por mentes perigosas, e cometeu o atentado contra o Mito. Por milagre, o Mito sobreviveu e tudo mudou nas campanhas dos candidatos à presidência. O Mito, Campeão! Eleito Presidente da República Federativa.

A mente acostumada há três décadas de baixo clero, intrigas e convenientes polêmicas, o condicionaram de tal maneira, que ao assumir importante missão ainda não tinha conseguido se adaptar e cumprir a liturgia e rigores do cargo, ao ponto de misturar suas funções com atitudes indevidas e incluindo seus filhos nos rolos, os quais, ou não aprenderam todas as manhas baixo clericais, ou interpretavam errado certos procedimentos oficiais, pois imbróglios aconteceram para a felicidade da oposição e da mídia extremada, ao ponto de afetar ações políticas do governo.

Certa feita, a rádio mordomo do palácio residencial da presidência veiculou, e vazou: “Um mordomo do turno da noite ao levar um copo de água para o Mito, que descansava em uma espreguiçadeira, no gramado, ouviu um final de conversa dele com uma velha coruja, ‘Que saudades tenho dos entreveros com Jean Overland e Maria do Terço... garantíamos votos para nossas reeleições...’ – e, tão logo ele disse isso, a coruja se emputeceu e respondeu, ‘Pô! Assim não dá mais! Tchau e até nunca mais, Cavalão!’, e voou em direção à residência oficial do vice Tonhão”.

Lição: Político que se preza é amigo fiel dos eleitores, passarinhos e corujas.


AHT
26/02/2019

(texto revisado)