Com 81 senadores nos seus quadros, o Senado da República escolheu ser presidido por um membro do baixo clero: Davi Alcolumbre. Fez isso para se livrar do constrangimento de uma quinta presidência do cardeal Renan Calheiros, cujo prontuário precede a biografia. De repente, descobre-se que Davi é um gigante imobiliário que gosta de brincar de esconde-esconde com a Justiça Eleitoral.
A banda novata do Senado, que votou em Davi imaginando que higienizaria o comando do Senado, deve desanimar ao ler na Folha a notícia sobre o vício do personagem de ocultar imóveis em suas declarações de bens à Justiça Eleitoral. Ele faz isso desde o final da década de 90, quando ingressou na política.
A troca de Renan por Davi ensina aos senadores novatos que chegaram a Brasília com uma vontade incontrolável de fazer o bem que, na política, às vezes é difícil até evitar o mal. Davi chegou à presidência do Senado sem ter exercido nenhuma outra função de destaque. Não havia ocupado nem a liderança do seu partido, o DEM.
Sem nenhum desrespeito ao personagem, apenas considerando sua carreira e suas naturais limitações, é difícil imaginar Davi Alcolumbre exercendo cargos de responsabilidade semelhante em qualquer outro lugar que não seja o Congresso. Não podendo elevar a própria estatura, os senadores mantiveram rebaixado o pé-direito do Senado, acomodando o impensável na linha de sucessão da Presidência da República.
Por Josias de Souza
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