terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

O general Heleno erra na sua abordagem sobre o Sínodo




“A preocupação com o Sínodo é uma preocupação real porque algumas pautas são de interesse da segurança nacional. Então acaba preocupando a Abin e o GSI, mas, em nenhum momento (tem a ver com) espionar alguém, monitorar alguém, algo com essa conotação. Quem cuida da Amazônia brasileira é o Brasil, não tem que ter palpite de ONG estrangeira, de chefe de Estado estrangeiro. O Brasil não dá palpite no deserto do Saara, no Alaska.”

A fala é do general Augusto Heleno (foto), chefe do GSI (Gabinete da Segurança Institucional). Pois é. Está politicamente errado. Queria o general ou não, goste ou general ou não, a Amazônia tem importância fundamental no regime de chuvas do Planeta, em particular de todo o subcontinente sul-americano.

ONGs vão dar palpite. Ademais, quem disse que não palpitam sobre o Alasca. E também sobre o Saara, mas menos. Porque o Saara está menos sujeito a intervenções que causem desequilíbrios globais.

O governo meteu os pés pelas mãos ao tentar uma ingerência no Sínodo que a Igreja vai promover em outubro, no Vaticano, sobre a região pan-amazônica. De resto, a Amazônia não é exclusivamente brasileira, embora 60% de sua área esteja em nosso território.

Reitero: o Brasil não tem de se meter no Sínodo. A Igreja Católica não tomará decisões executivas que vão determinar o que o governo deve ou não fazer.

Aliás, ações como essa são contraproducentes. Só acendem um sinal vermelho para o mundo, dando a entender que o Brasil não está Interessado na conservação da região.

Já deixei claro aqui: o papa convocou o Sínodo em 2017. A encíclica “Laudato Si” é de 2015. Trata do meio ambiente e critica a internacionalização da Amazônia.

Melhor faria o país em evidenciar o que faz de efetivo contra a destruição da região do que em ser reativo.

É um erro primário.

Parlamentares falam em convocar o general Heleno para saber se os bispos foram espionados. É que a preocupação do GSI com o Sínodo surgiu a partir de relatórios preparados por agentes da Abin. Nem precisava. Bastava, como eu disse, visitar o site da CNBB.
 
 Por Reinaldo Azevedo

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