Aos pouquinhos, a família Bolsonaro vai substituindo o PSDB na gincana de lama em que o PT tem presença cativa. Os Bolsonaro e os petistas acusam-se mutuamente de corrupção. Nessa competição entre sujos e mal lavados, a decência é um valor secundário. Vence quem for capaz de derramar mais lama sobre o adversário.
Nesta quarta-feira (6), os deputados Henrique Fontana (PT-RS) e Eduardo Bolsonaro manusearam baldes de lodo no plenário da Câmara. Do alto da tribuna, Fontana pediu o apoio dos colegas para instalar uma CPI das milícias do Rio. Para quê? "Investigar os dados que o relatório do Coaf coloca de que Fabrício Queiroz movimentou R$ 7 milhões em três anos, que fez depósitos nas contas do senador Flávio Bolsonaro e a relação que isso tudo tem com as milícias estabelecidas no Rio de Janeiro".
Eduardo Bolsonaro correu ao microfone. Abstendo-se de defender Flávio, irmão mais velho, Eduardo espetou a divindade petista: "O deputado falou [da tribuna], mas hoje é um dia triste para ele. Lula acaba de ser condenado a 12 anos de cadeia. Lavagem de capitais e corrupção! E quem lidera a lista do Coaf é um petista (André Ceciliano)." Eduardo, o filho que Jair Bolsonaro chama de "Zero Três", arrematou sua intervenção ecoando uma frase que o senador Cid Gomes (PDT-CE) pronunciou em encontro com petistas cearenses na campanha presidencial: "O Lula tá preso, babaca!"
A esse ponto chegamos: acusam-se mutuamente de ladroagem a família do presidente da República recém-eleito e os representantes do PT, partido que ocupou o poder federal por 13 anos. Os dois lados têm torcidas barulhentas. Mas uma fatia da sociedade, por equidistante, é frequentemente assaltada (ops!) pela sensação de que ambos os contendores podem ter razão. Mal comparando, a gincana de lama funciona como uma briga de gambás. Mesmo o vencedor sai cheirando mal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário