quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Ainda que seja necessária, reforma da Previdência não é suficiente, avaliam Delfim Netto e Marcos Lisboa


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Se estivesse na pele do ministro Paulo Guedes, o que faria Delfim Netto no caso de a reforma da Previdência não ser aprovada? “Que mal eu te fiz para você me desejar essa pergunta?”, respondeu Delfim, provocando risos.

A hipótese foi cogitada por uma pessoa da plateia durante o debate “O Brasil vai voltar a crescer?”, que reuniu na manhã desta quarta-feira (20) os economistas Delfim Netto e Marcos Lisboa, ambos colunistas da Folha, no auditório do jornal em São Paulo.

Na avaliação deles, a reforma previdenciária é um passo fundamental para que o país estabeleça equilíbrio fiscal e previsibilidade, características propícias a um “espírito de crescimento”, capaz de atrair investimentos. Mas não basta ficar nisso.

“Ainda que a reforma seja absolutamente necessária, ela não é suficiente”, avalia Delfim, para quem são necessários ajustes no salário mínimo, na remuneração de funcionários públicos e no “manicômio fiscal” construído nos últimos anos. “A política tem que libertar a iniciativa e estimular a criatividade dos indivíduos”, disse.

Na mesma linha de pensamento, Marcos Lisboa comparou a reforma da Previdência a um paraquedas cuja função seria reduzir a velocidade de uma queda em meio a um sem-número de problemas fiscais. “Reforma da Previdência não vai resolver o problema dos estados, que é a folha de pagamentos. Ou vamos rever essa concepção que criamos de direitos adquiridos no Brasil ou não vai ter saída. Os estados estão com 80% dos seus gastos comprometidos com folha de pagamento, de ativos e inativos. E má notícia: os ativos estão envelhecendo e estão se aposentando”, afirmou.

Delfim Netto arriscou dizer que o problema maior do Brasil não está na economia, mas no mecanismo político para implementar soluções. “Nessa eleição, ele não se aperfeiçoou. A ideia de que você obedecendo as mídias sociais pode produzir um governo razoável me parece absolutamente falha. Há uma superestimação da facilidade com que serão resolvidos esses problemas.”

Ao ser questionado sobre as previsões para 2019, Lisboa destacou que, quaisquer que sejam as estratégias para o desenvolvimento econômico, não se pode esperar uma melhora expressiva de imediato. “Crescimento, para mim, acontece em dez anos. A gente pode ter um ano bom, mas está todo mundo revisando [as perspectivas] para baixo —e com razão. Havia um certo otimismo que eu não sei de onde saía.”

(…)
Na Folha

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