Poucas vezes um ministro trombou tanto com os interesses do seu ministério em tão pouco tempo. Na penúltima trombada, o ministro Ricardo Vélez Rodríguez, da Educação, mandou carta às escolas do país inteiro pedindo que filmem os alunos cantando o hino nacional depois de ouvir a leitura de uma mensagem escrita por ele para exortar os "novos tempos" e recordar o slogan da campanha de Jair Bolsonaro. Soterrado por críticas, o ministro abriu mão do bordão da campanha. "Foi um erro", disse. Mas manteve o pedido de filmagem das crianças, perfiladas diante da bandeira do Brasil, cantando o hino nacional. O ministro quer receber as imagens.
Ricardo Vélez Rodrígues parece ter feito uma opção prioritária pela polêmica. O ministro fornece trapalhadas aos brasileiros assim como as bananeiras dão bananas. A pasta da Educação passou a produzir confusões em cacho. Num dia, o ministro diz em entrevista que a universidade não é para todos, que ela "representa uma elite intelectual para a qual nem todo mundo está preparado…" Noutra ocasião, o ministro declara que "o brasileiro viajando é um canibal; rouba coisas dos hotéis, rouba o assento salva-vidas do avião…"
Agora mais essa. Filmar crianças sem autorização dos pais é crime. O ministro não tinha notado. Depois, disse que isso estava implícito. Veja a sequência de maluquices que um pedido maluco pode ocasionar: diretores e diretoras de escolas desperdiçarão nacos do seu tempo para incomodar os pais. Pedirão a eles que autorizem a captação da imagem dos filhos. Para quê? Ah, isso ninguém sabe. O ministro não disse o que será feito com as imagens. Ele afirma apenas que entoar o hino nacional revigora o patriotismo.
A maioria das escolas brasileiras, como se sabe, presta um serviço de quinta categoria. Isso acontece por muitas razões: professores desanimados, escolas desaparelhadas, currículos inadequados, o diabo… E o ministro ofende a inteligência alheia com um lero-lero patriótico. Seria fabuloso se os brasileiros entoassem o hino nacional em todo lugar. Mas uma pátria, para ser amada, precisa ser amável. Se o governo e o ministro da Educação desejam que as crianças sejam patriotas, a coisa é muito simples: basta melhorar a pátria.
Um comentário:
PATRIOTADAS
Patriotada, insurreição malograda.
Aquela tentativa de Capitão, por exemplo, de
Trazer aos quartéis hierarquias paralelas e
Reacender o jogo das esquerdas. Outros exemplos:
Intentonas comunista (1935), integralista (1938),
O movimento dos sargentos (governo João Goulart),
Todos juntos, pra frente Brasil! (1964-1985).
A redemocratização... dos cofres: A Era da Propina.
Direita, ou esquerda volver, Capitão?
A dúvida permanece, é cruel e desalenta a Nação.
Símbolos da Pátria não podem servir à demagogia.
AHT
27/02/2019
Postar um comentário