domingo, 26 de agosto de 2018

'Soberania do Brasil está em jogo', afirma sociólogo sobre Embraer


Embraer

Para além do negócio bilionário, a venda de 80% do controle da aviação comercial da Embraer para a Boeing, por US$ 3,8 bilhões, pode enfraquecer a capacidade da empresa criar tecnologias.

A opinião é o doutor em Sociologia pela USP (Universidade de São Paulo), Roberto Bernardes, que vê mais prejuízos do que benefícios na transação comercial.

Na avaliação dele, o entrave não é a competitividade do mercado de aviação, justificativa para o negócio, mas a posição de liderança dos americanos. Ele questiona o formado da negociação.

"Não é uma joint venture. O que vemos é uma transferência do controle acionário, e com todas as consequências. Os Estados Unidos desencorajam o desenvolvimento da indústria aeronáutica fora de lá", afirmou Bernardes.

Estudioso do mercado aeronáutico desde 1996, o sociólogo e pesquisador participou de uma audiência pública na Câmara de São José dos Campos, na última segunda-feira, para debater o modelo de negócio entre as fabricantes de aeronaves.

Bernardes chamou de "fatalista" a justificativa da Embraer de que não sobreviveria sozinha no mercado global. "É uma visão fatalista. Deveria ter parceria temporária".

O pesquisador vê risco de o Brasil perder competitividade. "O que está em jogo é a soberania do país. Ou nós desenvolvemos essa tecnologia ou ninguém vai nos dar acesso".

"Acordo preserva os requisitos de soberania do governo", diz Embraer

Em nota, a Embraer disse que o acordo em discussão com a Boeing "preserva integralmente os requisitos de soberania do governo brasileiro e, em particular, do Ministério da Defesa e da Força Aérea Brasileira". E completou: "Assim, está totalmente comprometida a preservar todas as tecnologias desenvolvidas no Brasil nos últimos anos.

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