Há 48 horas, quando do encontro mais recente entre os dois na carceragem da Polícia Federal em Curitiba, Lula disse a Gleisi Hoffmann, presidente do PT, que o partido deveria usar “todos os instrumentos possíveis” ao seu alcance para que Fernando Haddad o substitua em debates e sabatinas promovidas por emissoras de rádio e de televisão.
O que isso significa? Nada. Por ora, debates e sabatinas acontecem com candidatos a presidente da República e Haddad não é um deles. É um vice em transição para a cabeça da chapa. O que a parte mais experiente, pragmática e sensata do PT deseja é que Lula caia na real e indique de fato Haddad para candidato a presidente no lugar dele.
Haddad está perdendo tempo para se tornar conhecido no país e expor país as ideias que tem para governar. Cresce dentro do PT a certeza de que está fadada ao insucesso a estratégia seguida até aqui de que a transferência de votos de Lula para Haddad será tanto maior quanto mais próximo esteja o dia da eleição. Nesta quarta-feira, o PT pedirá o registro de Lula como candidato.
Até quando o partido insistirá em enganar o distinto público? Porque é disso que se trata. Lula fez de Dilma sua sucessora sem que ela tivesse um único voto para chamar de seu. Imagina fazer o mesmo com Haddad. Se não fizer, dirá que a culpa não foi sua, impedido que está de sair em campanha pedindo votos. Sob esse aspecto, a situação de Lula é cômoda.
Por Ricardo Noblat
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