REAIS E LIBRAS - O publicitário André Torretta (no alto) e o ex-diretor da Cambridge Analytica Mark Turnbull (ao lado): quadro-negro com planos e valores |
Terra de ninguém
Redes sociais são território do vale-tudo na campanha presidencial: havia até um plano da Cambridge Analytica para manipular o voto dos brasileiros
Desde a eleição de Barack Obama, em 2008, considerada a primeira campanha presidencial bem-sucedida na internet, cristaliza-se entre marqueteiros a ideia de que as redes sociais são o novo e principal palco da disputa eleitoral. A tese ganhou mais força com a fulminante ascensão de Donald Trump em 2016. Credita-se sua vitória a um conjunto de ações digitais exitosas e ao mesmo tempo controversas, como a criação de perfis falsos, o uso de robôs para multiplicar comentários, a difusão de fake news e o trabalho de um exército de hackers para atacar adversários. O FBI, a polícia federal americana, investiga outro fator que pode ter levado à consagração de Trump: a atuação de uma empresa inglesa de marketing político, a Cambridge Analytica, que manipulou ilegalmente dados de 87 milhões de usuários do Facebook.
A mesma nuvem turva que pairou sobre a eleição americana chegou ao Brasil, com seu rastro de artimanhas e ilegalidades concebidas para ludibriar o eleitor. As redes sociais são a um só tempo a solução e o problema. No território considerado sem lei da internet, apesar dos esforços de legislar sobre o ambiente digital, tem valido de tudo um pouco. As tentativas de enganar os eleitores envolvem marqueteiros, partidos e núcleos às vezes clandestinos das campanhas dos principais candidatos à Presidência, como se pode constatar na leitura das reportagens que vêm a seguir. Nelas, VEJA narra casos obscuros, que oscilam entre a malandragem e o crime previsto em lei, incluindo um plano da mesma Cambridge Analytica, já abortado, destinado a manipular o voto dos brasileiros.
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