sexta-feira, 1 de maio de 2015

Poesia no blog


 O blog Clovis Cunha e ABC = Ars Brasilis Caçapava,  em parceria publicam terças e sextas feiras, contos e poesias para o enlevo de seus leitores.

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Por Brasilino Neto.
                                                     

Oração ao Mundo.

 Vou fazer uma oração, oração, oração... Às 18 horas, Hora do Ângelus de um dia desses, assim, pensando no Papa, nos jovens e no que vem por aí, foi que comecei a escrever essa prece. Que me desculpem pela falta de jeito com religião que seja uma única, porque sempre fui da fé. Só da fé. E fé varia, junta, agrega, mistura, vive dentro da gente. A oração é a conversa que queremos fazer chegar aos ouvidos de quem detém o destino.

"Senhor, dito assim, seja quem nos ouve rogar. Divino seja.

Mantenha se puder a Paz na Terra para todos os homens, o que nos garantirá a vida até o seu chamado, e não antes disso, abatidos de forma vil em guerras inconfessas. Que os de má vontade não tenham forças para nos fazer arrefecer e desistir. Por um mundo justo, onde a convivência se dará pela alma, e alma não tem cor, raça, armas.

Protegei nosso chão, nosso céu, nosso solo, nossas matas. Nossos rios, oceanos e cachoeiras! Que continuem fluindo, lavando, levando para o fundo de algum lugar bem distante todas as nossas mágoas, todas as nossas dores. Permita que não haja tanta culpa, e nem tanto medo, e que não se represe tanto martírio em lagos, mesmo que formados sejam por tantas lágrimas que vertemos. Pelo Senhor. Para o Senhor. Por nós e pelos outros.

Senhor, protegei nossos pais, nossos filhos, os amigos de nossos filhos. Nossos irmãos e irmãs, inclusive os que assim consideramos, além da carne, além do sangue. Mantenha sobre eles seu manto projetado e que a sombra, se sombra houver, tenha a forma de um anjo, mas se desfaça logo virando nuvem branca em céu azul. Mostre-nos o caminho da firmeza de propósitos, as estradas que chegarão nas realizações, para que não nos percamos em tantos desvios, tantas encruzilhadas. Com sua luz, ilumine as pistas orientando nossos pousos e decolagens, e para que sempre sejamos livres para ir e vir.

Ave! Aceite as súplicas que lhe dirigimos todos os dias. Releve as tantas vezes em que descremos de tudo, no desespero de não possuirmos vidência, temperança ou sabedoria. Só aceite esses pedidos. Como uma mensagem, e que esta chegue protegida e trazida pelas ondas, seja numa garrafa, seja em pensamento solitário ou em grito desesperado. Nos ilumine. Clareie os nossos olhos para percebermos os inimigos. Tampe nossos ouvidos para que não ouçamos cantos que nos corrompam. Ensine-nos a farejar e a tatear, aguce nossos sentidos, mesmo que os tenhamos todos, e como se assim não fosse. Guie esses passos.

A ti. Enquanto contamos as contas desse rosário do dia após dia, aceite essa conversa que tentamos fazer chegar aonde não sabemos bem, nem nos é permitido saber. Que essa ladainha toda seja Pelo Senhor. Para o Senhor. Por nós e pelos outros.

Misericórdia. Há os que precisam de imagens para venerar, muitos deuses ou um só, símbolo ou amuleto a se apegar e crer. Benza-os como a cruz, lhes dê o Espírito Santo e a força, sejam eles cruzes, sejam pedras ou meros pedaços de pano. Que sejam fortes e mágicos o bastante para nos acompanhar nesse trajeto de ciladas e armadilhas, mesmo que sem velas ou incensos acesos, sem oferendas. Que, Senhor, representem de alguma forma a sua proteção nessa distância que não saberemos qual é até chegarmos ao seu fim.

Rogamos que faça surgir sábios no Oriente e Ocidente, como de tempos em tempos nascem os gênios. Só eles poderão salvar e influenciar a Ciência contra a estupidez, a ignorância. Pela cura. Por compaixão e um futuro justo. Que as crianças de todo o mundo parem de ser martirizadas sem nem saber o que é viver; deixem de ser sacrificadas por sua inocência, obrigadas à submissão, seja esta religiosa, sexual, familiar, social ou cultural. Que o progresso seja de todos. E que essa oração seja também pela fauna, pela flora, pelo ar, terra, fogo e água. Pelo Senhor. Para o Senhor. Por nós e pelos outros.

Que homens e mulheres, mulheres e homens, e que hoje se misturam entre si porque humanos devem amar humanos, que eles alcancem aFelicidade, talvez o espelho onde realmente encontremos a Vossa Santíssima imagem. A nossa imagem."

Amém! Salve, Salve.
São Paulo, 2013

Marli Gonçalves é jornalista


ABC = Ars Brasilis Caçapava


Duas Almas.

Alceu Wamosy
        

Ó tu, que vens de longe, ó tu que vens cansada
Entra, e sob este teto encontrarás carinho;
Eu nunca fui amado, e vivo tão sozinho.
Vives sozinha sempre, e nunca foste amada ...

A neve anda a branquear lividamente a estrada,
E a minha alcova tem a tepidez de um ninho,
Entra, ao menos até que as curvas do caminho
Se banhem no esplendor nascente da alvorada.

E amanhã, quando a luz do sol dourar radiosa
Essa estrada sem fim, deserta, horrenda e nua
Podes partir de novo, ó nômade formosa !

Já não serei tão só, nem irás tão sozinha:
Há de ficar comigo uma saudade tua ...
Há de levar contigo uma saudade minha ...


ABC = Ars Brasilis Caçapava


Espelhos deformantes !
Brasilino Neto

...

preciso te encontrar

Imagino te encontrar

Inicio a caminhada em sua procura
Ando por uma rua larga e florida,
Sempre em sua busca.
Meus passos são largos e apressados

Preciso te encontrar

Porém, estreitam-se os caminhos
... somem as flores
apresentam-se vielas fétidas e sujas,
e nelas homens sem amor perambulam
estampam-se em seus rostos pálidos
a miséria solitária
meu pensamento é um só ...

continuo o meu caminhar
entro em um estranho lugar
olho para as paredes e só vejo
vejo espelhos ... espelhos ... espelhos !
são eles quadrados, redondos
largos, estreitos; bonitos e feios
pequenos e grandes,
compridos e curtos,
planos ...
côncavos e convexos.

Estou, sem dúvida,
Ante minha tempestade mental,
Numa galeria de espelhos deformantes

Enlouqueço-me,
Mas não desisto

Continuo a procurando desordenadamente
Buscando-te loucamente,
É tudo muito confuso,
não consigo te encontrar
mas eu preciso te encontrar
a busca é desordenada e confusa
nem eu mesmo consigo me encontrar.

Eu preciso parar,
aqui eu paro !

Preciso me organizar,
Esforço-me ...consigo.
Olho neste redor te procurando,

Nada vejo senão
"só vestígios de sanidade,
neste manicômio de doentes,
de inválidos, de aleijados,
de desamparados,
de vítimas", da miséria da solidão.

Avisto de longe uma tênue imagem
Firmo nela o meu olhar,
Percebo que ela não é tênue,
Só por ser a sua imagem,
Pois é ela bela e resplandecente
Destoante de todo quadro confuso que eu via,
Que eu vivia

Faz ela com que eu me reencontre,
É a única com qual eu quero sonhar,

que eu quero ver, imaginar e tocar,
fazendo-me acreditar
que ainda se é possível amar,
e que em Você isto se fez materializar.

nada mais é confuso
acaba-se, pois a solitária miséria da solidão
e agora que te encontrei,
só quero com Você ficar,

para louca e eternamente viver só pra te amar


ABC = Ars Brasilis Caçapava

4 comentários:

Rui Carmo disse...

Caçapava precisa muito disto. Como falta cultura nesta cidade. Seja bem vindo!!!

Rita Elisa Seda disse...

Brasilino Neto sua procura me fez caminhar pelo lindo texto. Parabéns.

Brasilino Neto disse...

Rui seja você também bem vindo. O obrigado pela visita. Propague isto, pois a proposta é exatamente esta, passar mensagens de esperanças para um mundo mais ameno, e se possível pelos encantos da Poesia. Traga também seus textos ou mesmo que não sejam seus, os quais goste. abraços.

Paulo L. disse...

Brasa que belíssimos trabalhos. Parabéns pela iniciativa. Vou mandar uma crônica que fiz.