segunda-feira, 8 de julho de 2013

Governo quer obrigar estudante de medicina a trabalhar dois anos no SUS para obter canudo



Às vezes o governo passa a impressão de que deseja levar tudo às últimas inconsequências. Foi lançado no Planalto o programa ‘Mais Médicos’. Além da importação de médicos, anunciada com antecedência, a iniciativa inclui uma novidade até então ignorada: a partir de janeiro de 2015, alunos de medicina serão obrigados a trabalhar dois anos no SUS. Sob pena de ficarem sem o diploma. O curso passa dos atuais seis anos para oito anos.

Reza a Constituição brasileira que todos são iguais perante a lei. Assim, cabe perguntar: por que só os médicos? Por que não obrigar os estudantes de psicologia, de odontologia e até de veterinária a suar a camisa pelo governo por dois anos? Por que não direcionar a rapaziada da engenharia para as obras públicas? Invertendo-se a lógica oficial, pode-se indagar também: por que não seduzir os jovens médicos oferecendo-lhes salários convidativos e condições de trabalho decentes no SUS?

O programa de Dilma Rousseff foi baixado por medida provisória. Significa dizer que entra em vigor imediatamente. Mas terá de ser aprovado pelo Congresso. A OAB e entidades médicas apressam-se em dizer que é inconstitucional a exigir dos estudantes que trabalhem no SUS. Considerando-se as divisões observadas no condomínio governista, não são negligenciáveis as chances de o Congresso modificar a proposta de Dilma.

Alheia aos riscos, a presidente não cansa de desafiar a sorte. Após recuar da Constituinte, bateu o pé em relação ao plebiscito já. Não terá. Agora, tenta impor aos estudantes de medicina uma espécie de segundo serviço militar obrigatório. Nesse ritmo, Dilma acaba convocando uma rede nacional de rádio e tevê para anunciar que seu governo irá desfritar um ovo.

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