Josias de Souza
Duas das coisas mais perigosas do mundo são a imprensa livre e as ruas cheias. Juntas, elas ameaçam não apenas os telhados de vidro, mas as portas de vidro, as janelas de vidro, os calcanhares de vidro, os ternos de vidro, as gravatas de vidro… No limite, até os jatos da FAB podem ser atravessados com os olhos.
Ao se dar conta de que o vento sempre sopra contra o mau piloto, Dilma Rousseff decidiu ordenar à Força Aérea que exponha na página que mantém na internet um lote de informações periódicas sobre o ‘Bolsa FAB.’
Vão à web os nomes das autoridades beneficiárias do serviço, as razões da requisição de cada viagem, os itinerários, os horários e a quantidade de passageiros. Porém…
A luminosidade não alcança as informações pretéritas. A novidade só vale daqui pra frente. Quem quiser saber do passado terá de requerer com base na Lei de Acesso à Informação e entrar na fila. De resto, serão sonegados à plateia os custos da brincadeira e os nomes dos caronas.
Ou seja, chegou-se a uma transparência de cristal Cica. Para quem não tinha nada, a opacidade de um copo de geleia já é alguma coisa. Mas o brasileiro em dia com o fisco –esse sujeito de quem o governo arranca tudo à força antes de chamar de contribuinte— tem o direito de indagar: por que só agora? Por que não escancara tudo? Melhor: por que essa gente não viaja em voo de carreira? Por quê?!?!?
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